A personagem interpretada por Nuno Lopes procura sinais de Alice...

31 Dez 2021 0:57

Tal como o filme "Sombra", de Bruno Gascon, a primeira longa-metragem de Marco Martins, "Alice", também vai buscar inspiração dramática ao chamado ‘Caso Rui Pedro’, isto é, ao desaparecimento nunca esclarecido de um menino de 11 anos, em Lousada, corria o ano de 1998. No caso de "Alice", trata-se de uma criança de três anos — a acção decorre cerca de seis meses depois do seu desaparecimento.

Nuno Lopes e Beatriz Batarda interpretam os pais de Alice, sem saber como reagir perante as informações que lhes são dadas pelo detective interpretado por José Wallenstein. Em todo o caso, mais do que um inquérito policial, o filme é uma viagem íntima, centrada, sobretudo na personagem de Mário, a personagem de Nuno Lopes, isto é, o pai que, dia após dia, procura algum sinal de Alice.

 


A música de Bernardo Sassetti ficou como uma banda sonora emblemática. Há nessa música uma sensação cruzada de esperança e pânico que, afinal se conjuga com os ritmos de Mário, ele que colocou câmaras de vigilância em várias ruas da cidade, na esperança de, em alguma imagem inesperada, descobrir a figura de Alice, da sua Alice.

Premiado em Cannes, em 2005, com o Prémio da Juventude (Prémio “Regards Jeunes”), "Alice" ficou como exemplo de um cinema que se quer depurado e austero, centrado nas convulsões mais secretas do quotidiano. O que, entenda-se, não exclui, antes pelo contrário, o sentimento trágico que contamina todos os seus momentos. A ponto de Marco Martins ter integrado na banda sonora a ária “Non So Piu” de AS BODAS DE FÍGARO, de Mozart, na voz de Teresa Berganza.

 

  • cinemaxeditor
  • 31 Dez 2021 0:57

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