21 Mai 2016 2:00
O regresso de Sean Penn ao festival de Cannes faz-se com um drama sobre os conflitos africanos onde o realizador dirige uma história centrada na relação entre dois médicos que prestam assistência em missões das Nações Unidas, protagonizados por Charlize Theron e Javier Bardem.
"The Last Face" procura seguir o ritmo narrativo de duas histórias, abordando a condição em que trabalham os agentes de organizações humanitárias e um drama romântico que cresce num contexto de violência atroz na guerra civil da Libéria.
Os resultados são distintos. Sean Penn é eficaz a realizar e enquadrar, num registo muito cru e realista, toda a brutalidade e desumanidade do conflito, mas a seriedade do tema sai fragilizada por uma história de amor que é desenvolvida de forma risível.
É um filme carregado de boas intenções mas que acaba por ser traído pela inocência e até leviandade com que Sean Penn dramatiza certas situações. O ator é conhecido pelas suas posições políticas e pelo seu trabalho humanitário, sobretudo no Haiti, um fundou um organização não governamental após o terramoto de 2010, e pretendeu assumir esse seu empenho através deste drama.
O drama "The Last Face" acentua as posições que tem defendido de uma forma simplista, procurando denunciar o alheamento dos principais governos e da opinião pública dos países ocidentais de uma forma simplista.
É o filme mais falhado que Sean Pean realizou e um dos desapontamentos da competição. O que não deixa de ser estranho tendo em conta o seu empenho nestes temas e a qualidade que já evidenciou na realização de outros filmes, como "O Lado Selvagem" (2007). Definitivamente, Sean Penn tem uma qualidade enquanto ator que não está evidente no seu trabalho de realizador.