22 Mai 2023 22:46
A realizadora francesa Justine Triet passou para o topo dos favoritos à Palma de Ouro em Cannes com “Anatomie d’une Chute” (em português “Anatomia de Uma Queda”), a autópsia arrepiante de um casal de artistas disfuncionais.
O filme, exibido no domingo, ultrapassou “May December”, de Todd Haynes, nas avaliações de um painel de críticos compilado pela revista Screen International.
No total, 21 filmes serão exibidos antes da entrega dos prémios, no sábado.
Em duas horas e meia, “Anatomie d’une Chute” acompanha o julgamento de uma escritora alemã (Sandra Hüller) acusada de ter assassinado o marido num chalé dos Alpes franceses.
Sem testemunhas, excepto o filho do casal, uma criança deficiente visual, o tribunal vai dissecar a vida do casal, cujas discussões foram gravadas pelo marido, para revelar todas as relações de poder, as neuroses e os defeitos escondidos.
“É um filme mais amplo do que um filme de julgamento”, declarou à AFP a realizadora de 44 anos, que se notabilizou com “Sibyl” e “Victoria”. Em “Anatomia de uma queda”, ela “explora mais uma vez a família e o casal: como estamos juntos? O que damos um ao outro? O que devemos um ao outro?
A longa-metragem oferece um bilhete para o prémio de interpretação à sua actriz principal, a alemã Sandra Hüller, já notada na competição como a mulher de um oficial nazi em “A Zona de Interesse”, de Jonathan Glazer.
No filme de Justine Triet, interpreta “uma personagem que assume a liberdade, a sexualidade e as suas opções de vida. Tem um ar forte e isso torna-a suspeita”, descreve a realizadora. “Sempre fiz filmes sobre mulheres. Desta vez, é alguém difícil de entender.
As cenas do julgamento são centrais, impulsionadas pelo confronto entre o procurador, interpretado por Antoine Reinartz, e o advogado do arguido (Swann Arlaud).
Fã de “true crime”, Justine Triet explica que se inspirou nas notícias.