19 Mai 2023 18:21
Sean Penn e Tye Sheridan reencontram-se no grande ecrã após mais de uma década em “Black Flies”, realizado pelo francês Jean-Stephane Sauvaire, um relato contundente da vida dos paramédicos de Nova Iorque que estreou em Cannes na quinta-feira.
Os dois actores apareceram juntos no vencedor da Palma de Ouro de 2011, “A Árvore da Vida”, realizado por Terrence Malick.
Penn, de 62 anos, interpreta o veterano paramédico Rutkovsky, enquanto Sheridan, de 26 anos, conhecido pelo desempenho no papel de Ciclope nos filmes dos X-Men, interpreta Cross, que está apenas a começar na profissão.
O antigo pugilista Mike Tyson, Michael Pitt e Katherine Waterston também têm participações no filme adaptado do romance “911” de Shannon Burke e baseado nas experiências reais do seu autor como paramédico no Harlem durante a epidemia de crack em meados da década de 1990.
Confrontados com a violência, a droga, a doença e a pobreza extrema na cidade que nunca dorme, as personagens testemunham em primeira mão os males que assolam a sociedade nova-iorquina.
“Queria filmar o mundo real de Nova Iorque, aquela realidade”, explicou o realizador no decorrer de uma conferência de imprensa. ” Foi por isso que, à excepção dos papéis centrais, optei por escolher actores não profissionais.
“Black Flies” suscita uma questão: como se cuida de pessoas que cuidam de outras? “Hoje em dia, as instituições começam a ter em conta esta questão do equilíbrio psicológico das equipas. Isso é bom”, explica o realizador.
“O que quisemos fazer foi mostrar que respeitávamos a cidade de Nova Iorque e que estávamos todos dispostos a dar o nosso melhor”, disse o actor Tye Sheridan.
A força do filme, no entanto, reside no seu ritmo. Desde os primeiros minutos, o espectador é imerso na realidade brutal dos paramédicos. Através dos planos do rosto e do corpo de Ollie, constantemente em tensão, o realizador consegue mostrar o seu medo, mas também a sua impotência.
Uma tensão que se mantém do início ao fim do filme e uma imersão possível graças a um domínio impressionante do som, que consegue captar o universo opressivo em que evoluem as personagens.