Jonathan Pryce no universo distópico de Terry Gilliam

18 Ago 2017 20:03

Terry Gilliam é uma espécie de Alfred Hitchcock virado do avesso. Porquê? Porque Hitchcock é muitas vezes encarado como um dos grandes autores americanos da idade clássica de Hollywood mas, de facto, nasceu em Inglaterra. Gilliam, por sua vez, surge quase sempre associado ao humor britânico dos Monty Python — o certo é que nasceu nos EUA, em Minneapolis, no ano de 1940.

Ver ou rever o seu filme "Brazil" é, afinal, descobrir ou redescobrir um dos mais importantes cartões de visita de Terry Gilliam. Para utilizar um "palavrão" hoje em dia muito na moda, podemos dizer que "Brazil" é um filme distópico: Jonathan Pryce interpreta a figura de um homem que procura encontrar uma mulher por quem se apaixonou nos seus sonhos, ao mesmo tempo que tenta resistir às arbitrariedades da sociedade totalitária em que vive — com a ajuda da voz de Kate Bush.



Produzido em 1985, "Brazil" é bem o reflexo da formação plural de Terry Gilliam. E não apenas por ter passado pelo humor dos Monty Python. Também porque chegou a trabalhar em publicidade e em banda desenhada. Dito de outro modo: para ele, o mundo não existe para ser reproduzido, mas sim inventado — e a imaginação, por definição, não reconhece os limites do bom senso.

Com um elenco que, além de Jonathan Pryce, inclui nomes de prestígio como Robert De Niro, Ian Holm, Bob Hoskins e ainda Michael Palin (também dos Monty Python), "Brazil" é a celebração de um cinema que quer conservar o gosto primitivo dos filmes que vivem do puro artifício, cruzando a luz e a sombra, a angústia da escuridão e a exuberância das cores — o seu título provém do lendário tema "Aguarela do Brasil", neste caso interpretado pelo americano Geoff Muldaur.


  • cinemaxeditor
  • 18 Ago 2017 20:03

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