25 Fev 2022 11:05
Um ano após a incursão tardia por junho, e dois após a anulação pura e simples por causa da pandemia, Cannes regressa às datas habituais para a 75.ª edição, de 17 a 28 de maio, com mais público, mais imprensa, e menos restrições.
Entre os que são dados como praticamente certos encontra-se "Triangle of Sadness". O retorno do Palma de Ouro de 2017, Ruben Östlund, coincide com a sua estreia nos filmes em língua inglesa, suportada por Woody Harrelson, Harris Dickinson e Charlbi Dean. Filmado em 2020, está mais do que pronto a entrar na competição deste ano. Comédia sombria, começa num iate cheio de celebridades e super-ricos e termina numa ilha deserta graças a um comandante marxista.
Outro antigo Palma de Ouro muito falado é o japonês Hirokazu Kore-eda que poderá regressar com "Broker", filme passado na Coreia do Sul e com um elenco coreano que gira em torno de uma caixa concebida de forma a permitir deixar bebés para adoção de forma anónima. Kore-eda foi o vencedor em 2018 com "Shoplifters". Em 2013, recebera o Grande Prémio do Júri por "Tal Pai, Tal Filho".
Arnaud Desplechin, nome muito querido em Cannes, tem pronto "Frère et soeur", com Marion Cotillard, a história de um par de irmãos desavindos obrigados a reunir-se após a morte dos pais.
Após "Tip Top" ter feito parte da Quinzena dos Realizadores em 2013, Serge Bozon, poderá chegar à competição principal com "Don Juan", descrito como uma comédia dramática musical baseada na personagem literária. Virginie Efira, uma das protagonistas, poderá bem ser um dos nomes mais falados do próximo festival caso se confirmem as presenças de outros dois filmes onde participou. A saber, "Revoir Paris" de Alice Winocour, que gira em torno de uma escritora e jornalista que se vê envolvida num ataque terrorista no Crazy Horse enquanto escrevia um artigo sobre as bailarinas do famoso clube francês; e "Les Enfants des Autres", de Rebecca Zlotowski, crónica da profunda ligação que uma mulher sem filhos estabelece com a jovem filha do seu namorado.
Entre as poucas certezas até ao momento, sabe-se que a Netflix continuará ausente de Cannes, decisão confirmada ao Variety por uma representante do serviço de streaming.
Apesar de ter sido o primeiro, e até agora único, serviço global de streaming a chegar a acordo em França relativamente à redução das janelas temporais de lançamento de filmes, nada muda quanto às estreias no festival. Cannes continua a defender a primazia das salas, o que forçaria a Netflix a aguardar 15 meses para lançar o filme online. Antes do acordo recentemente assinado, a janela era de 36 meses.
Para este ano, significa que "Blonde", a biopic de Andrew Dominik sobre Marilyn Monroe que o cineasta gostaria de ver na Croisette, estará ausente. Tal como nunca foram possibilidades outras ocasionais apostas da Netflix em produções com mais pedigree, tais como "White Noise”, de Noah Baumbach, ou "The Killer", por David Fincher.
Esta irredutibilidade de Cannes empurra a Netflix sobretudo para Veneza onde estiveram "A Mão de Deus", do italiano Paolo Sorrentino, e o Leão de Prata para melhor realização e filme mais nomeado para os próximos Óscares, "O Poder do Cão", de Jane Campion.