10 Jun 2020 13:05
Como assinalar a reabertura das salas de cinema? Entenda-se: como sublinhar a importância decisiva — cultural & comercial — dos circuitos clássicos de difusão na vida, na história e na mitologia dos filmes?
Hoje mesmo, 10 de de junho, a resposta do cinema Nimas, em Lisboa, tem tanto de simples como de eloquente. A saber: dando a (re)ver dois títulos marcantes, um de Manoel de Oliveira, outro de Stanley Kubrick. Respectivamente: "Non, ou a Vã Glória de Mandar" (1990) e "2001: Odisseia no Espaço" (1968).
O primeiro passa às 15h00, o segundo às 18h00 e 21h00 — no caso de "Non", a projecção será seguida de uma conversa com Paulo José Miranda, autor de uma biografia de Oliveira, e o produtor Paulo Branco.
Cruzam-se, assim, duas visões de desmedida ambição artística: Oliveira apostando em fazer um retrato de Portugal através de momentos em que a experiência da derrota militar (incluindo Alcácer-Quibir e a Guerra Colonial) marcou de modo indelével a identidade da nação; Kubrick desafiando todas as fronteiras, técnicas e narrativas, do próprio conceito de cinema, gerando um objecto futurista que, em boa verdade, continua a ser vanguardista.
Entretanto, também hoje no Nimas, amanhã no Teatro Municipal Campo Alegre (Porto), depois em várias cidades, a Medeia Filmes arranca com um dos grandes acontecimentos desta nossa inusitada, e muito desejada, "rentrée": um ciclo Luis Buñuel, com uma dezena de títulos, incluindo, em estreia comercial, "O Anjo Exterminador" (1962).