"Isto
aconteceu antes de haver pessoas e de elas dominarem o mundo…",
começa assim, com um conto tradicional de origem cigana, o filme de
Leonor Teles, que foi premiado com o Urso de Ouro para melhor curta
metragem na 66ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Leonor Teles tinha 23 anos quando recebeu o prémio.
"Balada de um Batráquio" aborda de forma livre e direta a tradição de colocar sapos de loiça em espaços
comerciais, como forma de afastar a entrada de ciganos.
Neste filme é exposto um comportamento xenófobo que é visível na sociedade portuguesa, através de um cinema de ação direta que nos mostra Leonor Teles a protagonizar diversas cenas, entrando nas lojas e partindo alguns sapos. Como salienta Leonor Teles, este filme "não apresenta só uma problemática mas
tenta, de certa forma, combatê-la."
Leonor Teles é natural de Vila Franca de Xira onde cresceu numa família enraízada na comunidade
cigana (pela parte do seu pai). O seu filme anterior "Rhoma Acans" (trad: olhos ciganos) foi feito
junto da comunidade cigana de Casal dos Estanques, Vialonga. Tratou-se da primeira curta-metragem, realizada no contexto do curso na Escola Superior de Cinema, em 2012, foi premiada em Vila do Conde, no IndieLisboa, e exibida numa sessão do Cinemax Curtas (ver artigo recomendado).
"Balada de um Batráquio" é o primeiro filme de Leonor Teles fora de um registo académico e além do Urso de Ouro no Festival de Berlim recebeu o prémio Sophia 2017 na categoria de curta-metragem documental, o prémio Firebird para melhor curta-metragem no Festival internacional de Hong-Kong e o prémio revelação no Festival Caminhos do Cinema Português 2016.
Nas primeiras curtas-metragens que realizou, Leonor Teles lidou com as suas origens e problemáticas da minoria cigana. Mas não pretende ficar presa a essa temática. Nesta altura está a concluir o próximo filme, que será a sua primeira longa-metragem. Foi rodada em Vila Franca de Xira, mas a realizadora considera que ainda é cedo para revelar mais sobre o filme.