21 Nov 2018 0:38
Escolhido para encerrar a 12ª edição do LEFFEST, "Beautiful Boy" é, por certo, uma das mais importantes ante-estreias que o certame tem para oferecer. E não apenas porque todos os analistas americanos que especulam sobre a temporada de prémios nele reconhecem um candidato a, pelo menos, um número significativo de importantes nomeações; sobretudo porque estamos perante uma abordagem invulgarmente séria e depurada da toxicodependência.
Como tem sido amplamente divulgado, esta produção dos EUA realizada pelo belga Felix van Groeningen inspira-se nos relatos de David Sheff e Nic Sheff — Nic o jovem toxicodependente, David o pai que tenta desesperadamente ajudá-lo. Não é um conto "demonstrativo", muito menos moralista ou pretensamente universal: é, isso sim, uma desencantada viagem no interior de uma relação todos os dias assombrada pelos efeitos directos ou indirectos das drogas.
Para além da densidade emocional do filme, importa sublinhar a sua total estranheza ao domínio, fácil e preguiçoso, dos "blockbusters". Aliás, este é um exemplo do mais genuíno cinema made in USA (como tantas outras vezes, dirigido por um europeu). A sua dimensão humana e humanista passa, como sempre, pelo maravilhoso trabalho dos actores — e o mínimo que se pode dizer de Steve Carell (David) e Timothée Chalamet (Nic) é que já vimos actores e actrizes ganharem Oscars por composições muito menos arrojadas.
* MONUMENTAL