Uma família italiana do séc. XXI: sinais e dramas da nossa Europa

19 Mai 2014 1:21

Para onde vai a Itália?


Para onde vai o cinema italiano?

Para onde vai a Europa?
Digamos que o novo filme de Alice Rohrwacher, "Le Meraviglie" (competição), integra todas essas perguntas, deixando-nos um eco amargo em torno das possíveis respostas.
Dito ainda de outro modo: "Le Meraviglie" ilustra uma atitude que decorre da necessidade — mais do que isso, da urgência — de lidar com uma realidade social e política em dramática transfiguração, num mundo de crescentes desigualdades e em que o poder normativo da televisão pode ser devastador.
Tudo se passa, afinal, em torno de uma família pobre que, na Úmbria, sobrevive graças às suas colmeias. O seu dia a dia de esforço e muitas tensões vai-se tornar ainda mais agitado, primeiro pela chegada de um jovem alemão (integrado num programa de reinserção social), depois pela invasão de um canal de televisão que, na região, se propõe montar um concurso sobre as "tradições populares"…
Somos levados a pensar nos modelos de abordagem social que Nanni Moretti tem desenvolvido na sua obra. E pensamos também em "Reality", de Matteo Garrone, e na sua contundente desmontagem do populismo televisivo (o filme esteve, aliás, em Cannes/2012, tendo ganho o Grande Prémio).
Seja como for, Rohrwacher é uma voz com identidade própria que não assume qualquer atitude de copista — "Le Meraviglie" prova a vitalidade de um olhar realista capaz de superar as aparências da realidade.
  • cinemaxeditor
  • 19 Mai 2014 1:21

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