22 Mai 2019 1:55
Presente na competição de Cannes, "Frankie", uma realização do americano Ira Sachs, parte de um dispositivo hiper-conhecido: um grupo de personagens ligadas por laços familiares, afectivos ou profissionais (mesmo se algumas delas não se conhecem) reune-se num cenário mais ou menos deslumbrante… Dos seus (re)encontros irão emergir novos factos e relações, até porque a personagem central — Frankie, uma actriz interpretada por Isabelle Huppert — enfrenta uma grave situação de saúde.
E se o dispositivo é antigo, o respectivo desenvolvimento é francamente medíocre. A redundância dos diálogos, o tratamento "decorativista" dos cenários, enfim, a inconsistência da trama narrativa vão reduzindo "Frankie" a um banal exercício de estilo sem qualquer consistência dramática: Talvez tudo tenha sido pensado como uma homenagem ao cinema de Eric Rohmer… Revisite-se "A Minha Noite em Casa de Maud" (1969) ou "O Joelho de Claire" (1970) e avaliem-se as diferenças…
O lote não deixa de ser surpreendente: Isabelle Huppert compõe Frankie "em piloto automático", estando acompanhada por profissionais tão dotados como Brendan Gleeson, Marisa Tomei, Greg Kinnear e Jérémie Rénier… E fica a curiosidade de tudo acontecer na zona de Sintra (trata-se de uma co-produção França/Portugal/Bélgica). Infelizmente, fica também uma sensação de doloroso desperdício de recursos e talentos.