Johnny Depp e a ternura das suas mãos — ou a inocência segundo Tim Burton

25 Nov 2016 22:32

Há qualquer coisa de simbólico no título do mais recente filme de Tim Burton: "A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares". De facto, no cinema de Hollywood das últimas décadas, não haverá universos muito mais peculiares do que o deste cineasta sempre surpreendente, sempre desconcertante. Ele foi mesmo capaz de criar poesia e maravilha a partir da história de um jovem cujos dedos eram lâminas — o título é todo um programa: "Eduardo Mãos de Tesoura".




Lançado em 1990, "Eduardo Mãos de Tesoura" condensa uma componente essencial dos heróis de Tim Burton — podem ser ameaçadores, mas desafiam a fronteira tradicional entre o Bem e o Mal, a culpa e a inocência. Por vezes, isso leva o cineasta a explorar domínios que, sem deixarem de ser eminentemente pessoais, se aproximam de algumas tradições do cinema de terror. Assim aconteceu em 1999, com "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça".

Não admira que, de uma de maneira ou de outra, Tim Burton sempre se tenha interessado pelo património fantástico da literatura — afinal de contas, é dele uma das mais brilhantes versões do clássico "Alice no País das Maravilhas". Em 2005, adaptou um livro de Roald Dahl que o levou a partilhar connosco estranhos e enigmáticos sabores promovidos pelo misterioso Willy Wonka — foi "Charlie e a Fábrica de Chocolate".

Ao percorrermos estas memórias, convém não esquecer um nome inseparável de todas elas. Que é como quem diz: o actor-fetiche de Tim Burton, isto é, Johnny Depp. Em 2007, o realizador e o actor apostaram num dos seus maiores desafios: fazer um musical e, mais do que isso, reencenar uma das obras mais fascinantes desse compositor admirável que é Stephen Sondheim — assim nasceu "Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street".


  • cinemaxeditor
  • 25 Nov 2016 22:32

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