21 Mar 2020 14:33
O exibidores da América do Norte compreendem que alguns filmes cheguem mais cedo às plataformas de vídeo digital perante a crise de saúde pública que o mundo atravessa, mas deixam avisos a quem experimente tirar as estreias exclusivas em primeira mão às salas de cinema.
A posição foi expressa por John Fithian, presidente da associação norte-americana dos proprietários de salas de cinema (NATO), numa entrevista ao The Hollywood Reporter.
Fithian não receia que a antecipação pontual dos lançamentos altere para sempre o comportamento dos consumidores: "Entendemos perfeitamente que os distribuidores com filmes nos cinemas na altura do fecho precisem de acelerar o lançamento para os consumidores domésticos" diz Fithian que compreende a urgência de "fazer dinheiro com esses filmes e dar às pessoas algo para ver em casa durante a crise".
Filmes como "Bora Lá" e "Bloodshot", que já estavam em sala, quebraram a habitual janela de três meses entre a estreia exclusiva nos cinema e o lançamento posterior em video on demand e televisão.
Já o caso da Universal Pictures, que decidiu estrear "Trolls 2" ao mesmo tempo no mercado doméstico e nos poucos cinemas a funcionar, obtém outra reação dos donos das salas.
"Todos os filmes com lançamentos originalmente planeados para abril e maio, com a exceção de "Trolls 2", serão lançados posteriormente no cinema, com as janelas completas. Todos os outros estúdios, demonstraram a crença em que o modelo teatral ainda é essencial para os seus negócios, apenas tiveram de adiar as datas de lançamento por causa do vírus", relembra o representante dos interesses do exibidores.
Fithian acusa a Universal Pictures de mentir aos consumidores por insistir que a estreia prevista para 10 de abril ocorrerá tanto nos serviços on demand como nas salas: "A Universal sabe que as salas ainda estarão fechadas a 10 de abril", declarou, deixando uma ameaça ao estúdio: "Os exibidores não esquecerão isso".
De acordo com a mesma entrevista, todas as outras majors, com excepção da Universal, deram garantias aos cinemas de que o tradicional modelo de negócio é para continuar e que retomarão a estreia normal de filmes em sala assim que o surto de COVI-19 esteja dominado.
O encerramento das salas de cinema na América do Norte afeta cerca de 150 mil postos de trabalho precários, pagos à hora. Fithian pede apoio ao Congresso dos EUA e deixa uma pergunta: "se o Congresso e a Casa Branca vão ajudar as companhias de aviação, que são empresas gigantes com assalariados (…) não o deveriam fazer também a empresas culturais como as salas de cinema?"
E chama atenção para um facto importante: se as pessoas vão querer divertimento no fim da pandemia, vão precisar que as salas de cinema ainda existam.