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26 Jun 2025

“F1: O Filme” é o reencontro do produtor Jerry Bruckheimer e do realizador Joseph Kosinski após o sucesso de “Top Gun: Maverick”. Desta vez, no universo da Fórmula 1, com Brad Pitt no papel de um piloto que, após uma carreira promissora nos anos 90, regressa ao campeonato a convite de um amigo, agora diretor de equipa, interpretado por Javier Bardem. Pitt torna-se então mentor de um jovem talento (papel de Damson Idris).

O filme chega esta semana aos cinemas portugueses.

Inicialmente desenvolvido pela Apple TV, “F1: O Filme” foi comprado pela Warner Bros. que garantiu os direitos de distribuição em cinema.

Lewis Hamilton, sete vezes campeão mundial, integrou a equipa de produtores, facilitando acessos raramente concedidos aos organizadores, donos de equipa, circuitos e pilotos. Coube igualmente a Hamilton garantir realismo nos detalhes que envolvem um monolugar de Fórmula 1.

“Precisávamos que o Lewis nos ajudasse com os aspetos técnicos para que nos pudéssemos cingir à realidade. Para uma cena em Budapeste, foi ele que nos disse que tal e tal acontecimento só podia ter lugar em tal e tal curva, ou que o carro devia estar em primeira velocidade e não em segunda”, explicou Bruckheimer em entrevista à AFP.

Stefano Domenicali, diretor-executivo da F1, viu uma oportunidade para tornar a Fórmula 1 ainda mais popular, particularmente nos Estados Unidos. Autorizou filmagens a filmar em dez Grandes Prémios nos quatro cantos do mundo, de Silverstone (Inglaterra) a Suzuka (Japão), passando por Budapeste (Hungria) e Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos).

A Mercedes concebeu carros adaptados para as filmagens, visualmente iguais a monolugares de F1, mas com mecânica e chassis de Fórmula 2, incorporando discretamente 15 câmaras no veículo.

Os atores não participaram nas corridas, nem nas sessões oficiais, mas rodaram nos fins-de semana dos Grandes Prémios e a equipa fictícia ocupou uma das garagens nas boxes ao lado das restantes equipas. Os monolugares brancos e dourados da APX GP, correram entre os treinos livres de Fórmula 1. Por vezes, ocupavam lugar na grelha de partida, logo atrás dos carros verdadeiros e os pilotos “falsos” chegaram mesmo a misturar-se com os verdadeiros na zona de entrevistas depois das provas.

“Não se trata de um documentário sobre a F1, é um filme, mas queríamos que fosse autêntico. E, acima de tudo, queríamos contar uma história de amizade, trabalho de equipa e redenção”, lembrou Kosinski.

Antes das filmagens, Brad Pitt e Damson Idris treinaram intensamente em pista, durante três meses, onde se habituaram a dominar monolugares de várias categorias, sob orientação profissional.

Os custos de “F1: O Filme” continuam envoltos em especulação. A imprensa apontou para os 300 milhões de dólares, valor contestado pelos responsáveis, que destacam os incentivos fiscais recebidos e as receitas de patrocínio como formas de reduzir o orçamento.

Em maio, o filme foi exibido em estreia privada no Mónaco para os pilotos da temporada de 2025. As opiniões foram geralmente positivas, com algumas reservas quanto ao realismo, como sintetizou o piloto Nico Hülkenberg: “É Hollywood, é preciso dar um passo atrás e ver o objetivo geral do filme.”

A estreia mundial ocorreu a 16 de junho, em Nova Iorque, com a presença de várias figuras do paddock, que viajaram diretamente do Grande Prémio do Canadá num voo fretado pela Formula One Group, empresa que gere os direitos de imagem e a promoção do campeonato.

 

Cinema e corridas: uma relação difícil

Embora o cinema e o automóvel tenham evoluído quase em simultâneo no século XX, o cruzamento entre sétima arte e desporto motorizado produziu poucos resultados memoráveis. Entre as exceções, destacam-se “Grand Prix” (1966), de John Frankenheimer, e “Le Mans” (1971), idealizado por Steve McQueen.

“Grand Prix”, com um elenco internacional e presença de pilotos reais da época, notabilizou-se pelo virtuosismo técnico e pela fotografia em Super Panavision. “Le Mans”, um projeto atribulado, destaca-se pela forma como coloca os carros e a pista no centro da narrativa.

Em anos recentes, os exemplos são menos felizes. Filmes como “Michel Vaillant” (2003), “Rush” (2013) e “Le Mans ’66” (2019) falharam em capturar a intensidade e a complexidade do mundo das corridas.

No campo documental, produções como “Weekend of a Champion” (1972), de Roman Polanski, ou “Senna” (2010), de Asif Kapadia, revelam-se mais eficazes ao explorar a personalidade e o contexto dos protagonistas, oferecendo retratos eficazes de Jackie Stewart e Ayrton Senna, respetivamente.

 

Brad Pitt: quatro décadas no topo de Hollywood

Aos 61 anos, Brad Pitt é um dos rostos mais reconhecidos do cinema mundial, ao lado de Tom Cruise e George Clooney. A sua carreira remonta aos anos 80, com pequenas participações em séries televisivas, como Dallas, e o primeiro papel de protagonista num obscuro filme europeu rodado pouco antes da guerra na antiga Jugoslávia.

A atenção mediática chegou entre 1994 e 1999 que atingiu o pico da fama com sucessos como Entrevista com o Vampiro, Seven – 7 Pecados Mortais, 12 Macacos e Clube de Combate.

Ao longo da sua carreira, Pitt diversificou os papéis e acumulou créditos como produtor. Entre os seus desempenhos mais notáveis estão ainda Snatch, Ocean’s Eleven, Babel, Sacanas Sem Lei e A Árvore da Vida. Em 2020, conquistou o seu primeiro Óscar como ator pelo papel de duplo em Era Uma Vez em Hollywood, de Quentin Tarantino.

Com quase 60 anos, Brad Pitt é, a par de Tom Cruise e George Clooney, uma das últimas grandes estrelas masculinas do cinema norte-americano. A sua carreira começou de forma modesta, com participações em séries televisivas nos anos 80 — incluindo quatro episódios da telenovela Dallas — e filmes de baixo orçamento, como “The Dark Side of the Sun”, rodado na Jugoslávia pouco antes do conflito armado que dividiu o país.

A notoriedade chegou com “Thelma & Louise” (1991), onde, num papel secundário, partilhou o ecrã com Susan Sarandon e Geena Davis. Na década de 90, Pitt afirmou-se como galã e ator dramático. Os primeiros papéis de maior densidade surgiram com “Kalifornia” (1993), “Entrevista com o Vampiro” e “Lendas de Paixão” (ambos de 1994), mas foi entre 1995 e 1999 que consolidou o estatuto de estrela internacional com “Seven – 7 Pecados Mortais”, “12 Macacos”, que lhe valeu a sua primeira nomeação para um Óscar e “Clube de Combate”.

O início dos anos 2000 trouxe-lhe a oportunidade de experimentar outros registos, desde a comédia (“Snatch”, “Destruir Depois de Ler”) à ação (“Ocean’s Eleven”) e ao drama de autor (“Babel”, “A Árvore da Vida”).

Ao mesmo tempo, Pitt construiu uma carreira sólida como produtor através da sua empresa Plan B Entertainment, responsável por filmes como “12 Anos Escravo” (vencedor do Óscar de Melhor Filme), “Moonlight” e “Selma”.

Em 2020, venceu finalmente um Óscar como ator pelo papel do duplo Cliff Booth em “Era Uma Vez em Hollywood”, de Quentin Tarantino.

  • CINEMAX - RTP
  • 26 Jun 2025 10:47

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