19 Ago 2023

O Festival de Cannes condenou “o grave atentado à liberdade de expressão” após a condenação, no Irão, do cineasta Saeed Roustaee e do seu produtor a seis meses de prisão.

“Os Irmãos de Leila”, o filme mais recente de Roustaee, foi apresentado em competição oficial no Festival de Cannes em 2022, e depois proibido no Irão.

A condenação de Saeed Roustaee, 34 anos, e do seu produtor Javad Norouzbeigui, que vem acompanhada de uma proibição de trabalho de cinco anos, “constitui, mais uma vez, um grave atentado à liberdade de expressão dos artistas, cineastas, produtores e técnicos iranianos”, denunciou o Festival num comunicado enviado à AFP.

“Tal como muitos profissionais em todo o mundo, o Festival de Cannes manifesta apoio a todos os que sofrem violências e represálias na produção e distribuição das suas obras. O Festival é a sua casa. Está e estará sempre ao seu lado para defender a liberdade de criação e de expressão”, acrescentou.

O diário reformista Etemad noticiou na terça-feira que Saeed Roustaee tinha sido condenado por um tribunal de Teerão por “contribuir para a propaganda da oposição contra o regime islâmico” no Irão.

O filme “Os Irmãos de Leila”, que retrata uma família pobre à beira da implosão num Irão mergulhado numa profunda crise económica, foi proibido no país por, segundo as autoridades, “violar as regras ao participar sem autorização (…) em Cannes e depois em Munique”.

No mundo do cinema, foram várias as vozes que se levantaram para condenar esta sentença, entre as quais a do realizador norte-americano Martin Scorsese.

Antes de Roustaee, que também se notabilizou com “A Lei de Teerão”, sobre o tráfico e consumo de droga e as ineficazes políticas de repressão, o Irão já tinha visado e detido realizadores premiados em grandes festivais e acusados de propaganda contra o regime, como Jafar Panahi e Mohammad Rasoulof.

  • CINEMAX - RTP c/ AFP
  • 19 Ago 2023 09:43

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