11 Jul 2024

A Cinemateca Portuguesa, através do projeto FILMar, e o programa Cinemax, da RTP 2, despedem-se de uma colaboração que, ao longo dos últimos 10 meses, permitiu mostrar 21 títulos na televisão pública, em novas cópias digitais, que chegaram a um total de 180.000 espetadores.

O programa está disponível, excecionalmente, na RTP Play.

Ao longo de uma temporada, entre setembro de 2023 e junho de 2024, foram exibidos 21 títulos, em 14 episódios com exibição dupla, num total de 28 sessões, e onde puderam ser vistos, em muitos casos pela primeira vez na televisão, obras como A ALMADRABA ATUNEIRA (António Campos, 1963), ALBUFEIRA (António de Macedo, 1968), CAMINHOS DO SOL (Carlos Vilardó e Augusto Cabrita, 1965) e A LENDA DO MAR TENEBROSO (Ricardo Neto, 1975), entre outros assinados por Alfredo Tropa, Fernando Matos Silva, Jean Leduc, José Leitão de Barros, Maurice Mariaud, Manuel Faria de Almeida, ou autores menos conhecidos como Carlos Marques, Fernando Garcia ou Fernando Duarte.

Na última sessão do FILMar foram acrescentados 3 filmes a esta lista. Duas curtas-metragens acompanhadas ao piano por Filipe Raposo, NAUFRÁGIO DO VERONESE (Invicta Films, 1913), o primeiro documento sobre o resgate de um navio de passageiros, encalhado ao largo da Póvoa de Varzim em janeiro de 1913, e LAGOA (Films Castello-Lopes, 1929), cujas imagens mostram a população local naquele que será um dos primeiros encontros com uma câmara de filmar. A sessão fica completa com TRÁFEGO E ESTIVA, de Manuel Guimarães (1968), encomenda das empresas de estiva nacionais, o primeiro filme a ser realizado em 70mm, com música de Carlos Paredes,

O último programa foi gravado no Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, o coração da Cinemateca Portuguesa, onde está instalado o laboratório digital criado com o apoio do Mecanismo de Financiamento Europeu EEAGrants 2020-2024, e que permitiu a digitalização de 267 filmes, num total de mais de 10 mil minutos de património fílmico relacionado com o mar. Esse equipamento dotou a Cinemateca Portuguesa de condições de exceção, que permitem agora responder aos desafios de preservação e digitalização do património à sua guarda.

Os filmes exibidos incluem-se numa longa lista de títulos que sublinham a importância da curta-metragem na História do cinema português, acrescendo conhecimento e memória sobre o modo como os realizadores e produtores foram respondendo às encomendas institucionais, enquanto o sistema de censura limitava e proibia o desenvolvimento das longas-metragens. O trabalho de digitalização deste património, ao qual a Cinemateca se dedicou entre 2020 e 2024 em parceria com o Norsk Film Institutt, na Noruega, completou-se na ampla divulgação e exibição que percorreu o país em cerca de 500 sessões públicas e, está, em parte, acessível na página da Cinemateca Digital, e editado em DVD.

O projeto FILMar terminou no dia 30 de abril 2024, tendo, na ocasião, sido lançados cinco livros que resumem o trabalho realizado (FILMar: ÚLTIMA VAGA; CADERNOS DA CINEMATECA: FILMar; CADERNOS DA CINEMATECA: CARLOS VILARDEBÓ; AUGUSTO CABRITA, O OLHAR ENCANTADO; CATEMBE, ESSE OBSCURO DESEJO DE CINEMA [coedição Tinta da China]).

O projeto FILMar foi um dos 21 projetos desenvolvidos no âmbito do programa Cultura, operacionalizado pela Património Cultural, I.P., no âmbito do Mecanismo Financeiro Europeu EEAGrants 2020-2024.

  • tiago alves
  • 11 Jul 2024 18:59

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