1 Mar 2022 11:57

A Disney foi o primeiro estúdio norte-americano a reagir à agressão russa na Ucrânia. Num comunicado distribuído segunda-feira à noite, um porta-voz diz: "Dada a invasão não provocada da Ucrânia e a trágica crise humanitária, decidimos interromper o lançamento de filmes nos cinemas da Rússia, incluindo o próximo ‘Turning Red’, da Pixar. Tomaremos decisões comerciais futuras com base na evolução da situação. Entretanto, dada a dimensão da crise dos refugiados, estamos a trabalhar com as ONG nossas parceiras para fornecer ajuda urgente e outra assistência humanitária."

"Turning Red" tinha estreia prevista na Rússia a 10 de março. Outros filmes da Disney com lançamento agendado para os próximos meses incluem "Doctor Strange no Multiverso da Loucura", a 5 de maio, e "Buzz Lightyear", a 16 de junho.

Na sequência destas declarações, a Warner Bros., que ontem afirmara ser demasiado tarde para suspender a estreia de "The Batman", corrigiu a posição inicial e cancelou o lançamento marcado para esta semana nos cinemas russos.

Seguiu-se o anúncio da suspensão da estreia de "Morbius", da Sony Pictures. O filme com Jared Leto, parte da narrativa das histórias com o Homem-Aranha, estava agendado para 24 de março. "Tendo em conta a acção militar em curso na Ucrânia e a consequente incerteza e crise humanitária que se desenrola naquela região, iremos efetuar uma pausa nos nossos lançamentos em cinema agendados na Rússia, incluindo o próximo lançamento de ‘Morbius’", disse um porta-voz da empresa.
Esta terça-feira, a Paramount suspendeu a estreia de "Sonic 2", prevista para 31 de março, e "A Cidade Perdida", agendada para 7 de abril.

A Rússia é um dos mercados cinematográficos mais importantes na Europa, representando 601 milhões de dólares em bilheteira em 2021, ou cerca de 2,8% das vendas mundiais de bilhetes, de acordo com a consultora ComScore citada pelo Variety. "Homem-Aranha: Sem Volta a Casa", o maior sucesso de bilheteira mundial dos últimos dois anos, somou 44,5 milhões de dólares em receita bruta só nas salas de cinema russas.

Com o regime de Putin sancionado ao nível económico e político, e os laços comerciais cortados, seria impossível transferir dinheiro dos parceiros de distribuição russos para os estúdios, ou fazer publicidade, maioritariamente comprada a meios pertencentes ao estado, ou aos oligarcas que apoiam o regime.

Também a Motion Picture Association, que representa os interesses conjuntos dos estúdios norte-americanos, quebrou o silêncio sobre a invasão: "A MPA está com a comunidade internacional na defesa do Estado de direito e na condenação da invasão russa da Ucrânia. Em nome dos nossos associados, que lideram a indústria cinematográfica, televisiva e de streaming, expressamos o nosso mais forte apoio à vibrante comunidade criativa da Ucrânia que, como todas as pessoas, merece viver e trabalhar pacificamente".

A Netflix, o maior operador mundial de conteúdos online, recusou a imposição do regime de Moscovo que entra em vigor a 1 de março, destinada a obrigar todos os "serviços audiovisuais" a emitir 20 grandes canais de televisão russos, quase todos ligados ao governo.

O You Tube, seguiu as diretrizes da União Europeia e bloqueou as emissões online dos canais Russia Today (RT) e Sputnik.

Festivais de cinema e realizadores hostis ao regime de Putin

O Festival de Cinema de Glasgow, que começa a 2 de março, retirou dois filmes russos anteriormente programados. Salvaguardando o reconhecimento de que há uma separação entre o trabalho dos cineastas e as acções de Vladimir Putin, a direção do evento optou por não exibir "No Looking Back", de Kirill Sokolov, e "The Execution", de Lado Kvataniya.

Também o Festival de Estocolmo, que decorre em novembro, fez saber não irá selecionar filmes financiados pelo regime russo.

Hoje, um grupo de 80 realizadores e produtores bielorrussos opositores do regime publicou uma carta aberta a condenar a invasão russa da Ucrânia e a exigir a saída das tropas russas, tanto da Ucrânia como da Bielorrússia.
A Academia Europeu de Cinema juntou-se ao coro e excluirá os filmes russos dos Prémios Europeus de Cinema deste ano.
Diferente opinião tem o Festival de Locarno que, em declarações ao Deadline, afirma não pretender boicotar filmes russos na sua edição deste ano prevista para agosto próximo. Para a direção do festival suíço a prioridade vai para a "liberdade de expressão e para a arte cinematográfica em todas as suas formas".
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  • 1 Mar 2022 11:57

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