Gulbenkian retoma exibição de cinema
A Fundação exibe novamente cinema em ciclos, retomando uma tradição dos anos 70 e 80 do século passado.
O cinema vai regressar à Fundação Calouste Gulbenkian, em dezembro, com o ciclo "P’ra Rir" que apresentará filmes de Buster Keaton a Woody Allen, numa sala renovada onde a entidade espera criar "um sentimento coletivo".
O ciclo é coordenado pelo diretor do Programa Gulbenkian de Língua e Cultura Portuguesas, Rui Vieira Nery, e pelo realizador João Mário Grilo, que assume a programação.
"Agora que o grande auditório teve obras, e a sala foi equipada com as mais modernas tecnologias, o público poderá voltar a ver cinema na Gulbenkian com uma qualidade de som extraordinária", sublinhou Rui Vieira Nery, recordando que o último ciclo decorreu em 2006.
Nas décadas de 1970 e 1980, os ciclos de cinema na Gulbenkian, programados por João Bénard da Costa, marcaram gerações de cinéfilos, apontou, acrescentando que a espectativa "é conquistar um público gradualmente".
Neste ciclo, que irá decorrer entre 1 de dezembro e 21 de fevereiro de 2015, está prevista a exibição de uma seleção de filmes dos realizadores Charles Chaplin, Buster Keaton, George Cukor, Frank Capra, Ernst Lubitsch, Federico Fellini, Jerry Lewis e Woody Allen, entre outros.
O auditório, com capacidade para 900 espetadores, irá exibir, pelo preço de três euros, dezenas de filmes, alguns deles em película.
O primeiro ciclo aborda o riso, a emoção escolhida para abrir a temporada, que terá continuidade, segundo a Gulbenkian.
"Numa sala com estas condições, esperamos reinstalar o grande espetáculo intemporal do cinema", comentou João Mário Grilo, que escolheu filmes como "Uma Mulher para Dois" (1933), de Ernst Lubitsch, "Com a Verdade me Enganas", Leo McCarey (1937), "Casamento Escandaloso", de Georges Cukor (1940), "As Noites Loucas do Dr. Jerryll", de Jerry Lewis, (1963), e "O Rei da Comédia", de Martin Scorcese (1983).
O realizador explicou que a escolha do riso pretende que o público volte a ter a sensação de "rir em conjunto" e "o sentimento coletivo da magia do cinema".
"Ver cinema em sala é uma experiência única, e nestas condições queremos maximizar o prazer que estes filmes davam. O panorama mudou muito. Hoje há vários lugares onde se podem ver filmes de forma diferente, mas queremos voltar à vocação popular do cinema", sustentou João Mário Grilo.
Nesta questão, Rui Vieira Nery recusou que a iniciativa queira substituir a atividade da Cinemateca ou que seja "saudosista": "Estes filmes têm imagens patrimoniais. Estamos a sugerir que os clássicos são de hoje. Não estamos a sugerir que há uma crise no cinema", comentou.
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