07 Dez 2024
“Emilia Pérez”, de Jacques Audiard, recebeu o prémio de melhor filme do ano na 37.ª edição dos Prémios do Cinema Europeu, que se realizou no Centro de Cultura e Congressos em Lucerna.
A história do traficante de droga que finge a própria morte para poder viver como sempre desejou venceu também as categorias de melhor realização, melhor atriz, melhor argumento e melhor montagem.
Foi a primeira vez que o evento organizado pela European Film Academy decorreu na Suíça. Outra novidade deste ano foi a possibilidade de os documentários e filmes de animação poderem concorrer ao prémio de Melhor Filme Europeu.
O francês Jacques Audiard foi a figura da noite ao subir por três vezes ao palco. Juntou à estatueta de melhor filme as distinções como melhor realizador e melhor argumentista.
Nas categorias de representação, Karla Sofía Gascón tornou-se a primeira mulher trans a vencer o prémio de melhor atriz pelo trabalho em “Emilia Pérez”.
O jovem guineense Abou Sangare venceu o prémio de melhor ator pelo papel inspirado no seu percurso em França como migrante sem documentos em “L’histoire de Souleymane”. O ator repete o prémio obtido na secção Un Certain Regard do último Festival de Cannes.
“Flow”, do letão Gints Zilbalodis triunfou entre as longas-metragens de animação e “No Other Land”, do ativista palestiniano Basel Adra com um coletivo de jornalistas israelitas, recebeu o prémio de melhor documentário.
Os vencedores desta noite juntam-se aos das oito categorias técnicas anunciadas a 13 de novembro: melhor direção de fotografia, para Benjamin Kračun, por “A Substância”, melhor montagem (Juliette Welfling, por “Emilia Pérez”), cenografia (Jagna Dobesz, por “A Rapariga da Agulha”), guarda-roupa (Tanja Hausner, por “O Banho do Diabo”), maquilhagem e cabelo (Evalotte Oosterop, por “When the Light Break”), banda sonora original (Frederikke Hoffmeier, por “A Rapariga da Agulha”), som (Marc-Olivier Brullé, Pierre Bariaud, Charlotte Butrak, Samuel Aïchoun e Rodrigo Diaz por “Souleymane’s Story”) e efeitos visuais (Bryan Jones, Pierre Procoudine-Gorsky, Chervin Shafaghi e Guillaume Le Gouez, por “A Substância”).
A atriz Isabella Rossellini e o realizador Wim Wenders receberam prémios honorários pelas suas contribuições para o cinema. O prémio Eurimages que distingue o contributo para as coproduções internacionais foi entregue a Labina Mitovska, produtora da Macedónia.
O cinema português esteve representado na cerimónia pelo filme “2720” de Basil da Cunha, nomeado na categoria de melhor curta-metragem.
Os Prémios do Cinema Europeu (EFA) servem de barómetro à criatividade, diversidade e amplitude do cinema europeu, apresentando obras com histórias e atitudes culturais variadas. Muitos dos filmes nomeados abordam questões sociais prementes, como a migração, a identidade, ou a memória histórica.
Ao mesmo tempo, os EFAs atuam como contrapeso ao domínio de Hollywood e oferecem visibilidade e reconhecimento crítico aos cineastas europeus na cena mundial. Os vencedores beneficiam frequentemente de maiores oportunidades de distribuição internacional e os prémios funcionam como trampolim para colaborações entre as indústrias cinematográficas europeia e mundial.
A lista final de vencedores é a seguinte:
Melhor filme
“Emilia Pérez” (França)
Melhor documentário
“No Other Land”, de Yuval Abraham, Rachel Szor, Basel Adra e Hamdan Ballal (Palestina, Noruega)
Melhor animação
“Flow”, de Gints Zilbalodis (Letónia, França, Bélgica)
Melhor curta-metragem
“The Man Who Could Not Remain Silent”, de Nebojša Slijepčević (Croácia, França, Bulgária, Eslovénia)
Melhor realização
Jacques Audiard, por “Emilia Pérez” (França)
Melhor atriz
Karla Sofía Gascón, por “Emilia Pérez” (França)
Melhor ator
Abou Sangare, por “L’histoire de Souleymane”
Melhor argumento
Jacques Audiard, por “Emilia Pérez” (França)
Prémio revelação – Prix FIPRESCI dedicado a primeiras obras
“Armand”, de Halfdan Ullmann Tønde
Prémio público jovem
The Remarkable Life of Ibelin, de Benjamin Ree (Noruega)
Melhor direção de fotografia
Benjamin Kračun, por “A Substância” (Reino, Unido, EUA, França)
Melhor montagem
Juliette Welfling, por “Emilia Pérez” (França)
Melhor cenografia
Jagna Dobesz, por “A Rapariga da Agulha” (Dinamarca, Polónia, Suécia)
Melhor guarda-roupa
Tanja Hausner, por “O Banho do Diabo” (Áustria, Alemanha)
Melhor maquilhagem e cabelo
Evalotte Oosterop, por “When The Light Breaks” (Islândia, Países, Baixos, Croácia, França)
Melhor banda sonora
Frederikke Hoffmeier, por “A Rapariga da Agulha” (Dinamarca, Polónia, Suécia)
Melhor som
Marc-Olivier Brullé, Pierre Bariaud, Charlotte Butrak, Samuel Aïchoun e Rodrigo Diaz, por “L’histoire de Souleymane” (França)
Melhores efeitos visuais
Bryan Jones, Pierre Procoudine-Gorsky, Chervin Shafaghi e Guillaume Le Gouez, por “A Substância” (Reino, Unido, EUA, França)