04 Fev 2025
O Festival de Cannes escolheu um dos rostos mais conhecidos do cinema francês e uma figura empenhada, a atriz Juliette Binoche, para presidir ao júri da sua 78.ª edição, de 13 a 24 de maio.
A atriz de 60 anos sucede à realizadora de “Barbie”, Greta Gerwig, que foi presidente no ano passado, onde foi atribuída a Palma de Ouro ao filme americano “Anora” de Sean Baker.
“Pela segunda vez na história do festival, duas mulheres artistas passarão a prestigiosa tocha” de presidir ao júri, sublinham os organizadores num comunicado de imprensa. A primeira foi nos anos 60, quando Sophia Loren, ícone do cinema italiano, sucedeu a Olivia de Havilland (“E Tudo o Vento Levou”…).
Seis décadas mais tarde, com Juliette Binoche, o maior festival de cinema do mundo escolheu uma das estrelas francesas mais conhecidas da cena internacional, apreciada pelo público e pela crítica.
É uma das poucas a conseguir o prémio de melhor atriz nos três maiores festivais de cinema: em Cannes por “Cópia Certificada”, do realizador iraniano Abbas Kiarostami, bem como no Festival de Veneza e na Berlinale. É também uma das poucas francesas a ter ganho um Óscar, em 1997, por “O Paciente Inglês”.
Juliette Binoche, que trabalhou com os franceses Jean-Luc Godard e Leos Carax, mas também com o polaco Krzysztof Kieslowski, o canadiano David Cronenberg e o austríaco Michael Haneke, é uma presença assídua no Festival de Cannes, desde 1985, quando integrou o elenco de “Rendez-vous” de André Téchiné, o seu filme de estreia.
Artista empenhada
“Estou ansiosa por partilhar estes momentos de vida com os membros do júri e com o público. Em 1985, subi as escadas pela primeira vez com o entusiasmo e a incerteza de uma jovem atriz. Nunca imaginei que, 40 anos mais tarde, regressaria com o papel de presidente do júri. Pondero o privilégio, a responsabilidade e a necessidade absoluta de humildade”, declarou no comunicado de imprensa.
Além de atriz, Binoche é uma cidadã empenhada, que não hesita em tomar posições políticas à esquerda, a favor dos direitos humanos e das mulheres no Irão, da ecologia, ou dos imigrantes sem documentos.
Ainda há poucos dias, assinou um apelo contra os cortes orçamentais previstos pelo governo francês para o sector da cultura. No movimento #MeToo, que remexeu as cartas do cinema mundial nos últimos anos e não poupou os festivais, está do lado dos que denunciam a violência sexual. Tendo vivido o cinema dos anos 1980 e 1990, muitas vezes marcado pela omnipotência do realizador, apelou recentemente aos homens para que também quebrassem o silêncio sobre este assunto.
Os filmes selecionados para a competição oficial do 78.º Festival de Cannes deverão ser anunciados em meados de abril.