4 Dez 2015 22:10
Quando relembramos a obra de José Fonseca e Costa, pensamos desde logo no seu empenho em revisitar momentos críticos da história de Portugal e também no gosto em explorar os territórios do melodrama. E pensamos também no seu sentido de humor — precisamente à maneira de "Kilas, o Mau da Fita".
Alguns dos momentos mais célebres da comédia cinematográfica portuguesa, em particular nas décadas de 1930/40, estão ligados à tradição do teatro de revista. "Kilas, o Mau da Fita" é um filme que acredita na possibilidade de revisitar essa tradição. Objectivo: fazer o retrato paródico de um pequeno golpista, Rui Tadeu, aliás, o Kilas.
As personagens vivem tanto das suas componentes cómicas como da personalidade dos respectivos intérpretes. Não admira, por isso, que este tenha sido um filme que conferiu especial evidência aos nomes principais do seu elenco — em particular, como é óbvio, Mário Viegas no papel do Kilas e também Lia Gama, transfigurando-se e cantando como Pepsi Rita.
A banda sonora tem assinatura de Sérgio Godinho. Para a história, "Kilas, o Mau da Fita" ficou também como um dos maiores sucessos de sempre da produção cinematográfica portuguesa. Estreado em Fevereiro de 1981 (portanto, já lá vão 34 anos), foi de facto um fenómeno que pôs toda a gente a falar do cinema em Portugal — com filmes melhores ou piores, esse diálogo, agora, faz-nos falta.