Emma Stone e Ryan Gosling: o par romântico de

1 Set 2016 0:38

O musical ainda pode encantar? Sem dúvida que sim e Damien Chazelle demonstra-o num filme que faz a citação de um género e de uma era dourada utilizando um glorioso, colorido e luminoso cinemascope. Além disso em "La La Land" temos tudo: cenas cantadas, encenadas e coreográficas, e pequenos momentos de … sapateado.

Damien Chazelle regressa ao universo da música que já o tinha motivado no precioso filme de estreia, "Wiplash" (Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2015 e nomeado para três Óscares), sobre o doloroso processo de aprendizagem de um jovem baterista de jazz.

Aqui seguimos duas personagens que estão no mesmo patamar. Ryan Gosling interpreta um jovem pianista de jazz que persegue o sonho de ser reconhecido pela sua formação clássica – o que é difícil, porque como se diz no filme, "o jazz está a morrer e toda a gente está a ver." E Emma Stone que desempenha uma aspirante a atriz que trabalha num café dos estúdios Warner enquanto percorre audições à procura de um papel.

Vale a pena ver os dois trailers que apresentam as personagens:

Um par e uma história de amor. Claro! Eles apaixonam-se e o que nos toca é descobrir se o sonho romântico persiste perante as opções que se colocam à medida que crescem e agarram as opções profissionais.

Parece ser a mesma canção mas podemos dizer que soa diferente sem adiantar nada mais porque não é oportuno contar o desfecho, ou seja, como eles terminam após os seis anos que a narrativa do filme necessita para fazer evoluir esta relação.

Damien Chazelle cita o musical clássico e vira-o do avesso, inverte-o de forma engenhosa, para mostrar que hoje as histórias de amor não acontecem como nos musicais das décadas de 50/60 do século passado.

Este é um filme ajustado ao nosso tempo. Um musical que muda de tom, que assume o registo de uma fantasia mas cresce como melodrama. "La La Land" remete para a terra solarenga onde os sonhos do cinema acontecem, e ainda para Los Angeles enquanto cidade solitária e fútil.

É um musical contemporâneo com uma dupla de atores que ainda tem desafios a superar e que cumpre com distinção este exercício que parece sempre excêntrico e arrojado de cantar e dançar; além disso integra John Legend num papel secundário que permite um twist inteligente em relação à sonoridade atual do jazz.

Este é um filme saudosista – um hino amargo pelo musical glorioso e pelo jazz tradicional – e realista – que celebra o género com alegria mas questionando os seus valores no século XXI. Diremos que acaba por ser cínico no esforço de conseguir essa combinação, mas se detetarmos as notas de cinismo ficaremos impressionados com o facto de desenvolver a mais emocionante história de amor que vemos este ano no cinema.

Mais uma vez a temporada dos Óscares começa com a sessão de abertura do Festival de Veneza. Escolha perfeita para abrir um festival, este é o primeiro filme que vimos este ano sobre o qual podemos escrever que terá muitas nomeações para os Óscares. Filme, realizador, ator, atriz, canção e banda sonora original, fotografia… Pelo menos. Um musical no tom certo!
 

  • cinemaxeditor
  • 1 Set 2016 0:38

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