Denzel Washington como Malcolm X — grande interpretação, notável filme

23 Set 2018 15:02

Vendo agora o extraordinário "BlacKkKlansman", não podemos deixar de pensar no modo como a obra de Spike Lee tem sabido discutir a história dos afro-americanos nos mais diversos registos, desde a comédia, com "Os Bons Amantes" (1986) até ao filme de guerra, com "O Milagre em Sant’Anna" (2008). Nessa trajectória, um dos momentos marcantes é, sem dúvida, "Malcolm X" (1992).


Esta canção de Sam Cooke surgiu em 1964 e fala de uma mudança que vai acontecer, em particular uma mudança na vida dos negros americanos. E faz todo o sentido que esteja na banda sonora de “Malcolm X” porque, de facto, Malcolm Little — para a história Malcolm X — foi símbolo das muitas convulsões da década de 60, em particular das lutas pelos direitos civis. Foi, afinal, um símbolo e também uma vítima desse período, já que foi assassinado a 21 de Fevereiro de 1965, contava apenas 39 anos. Veja-se e escute-se este seu confronto com as palavras e as suas significações.


Malcolm X viveu este peculiar e perturbante exercício. Ou seja: compreender que a oposição entre a palavra “preto” e a palavra “branco” não era uma mera questão gramatical, mas qualquer coisa de profundamente enraizado no tecido social, nos costumes e na política. Através de uma notável interpretação de Denzel Washington, o filme de Spike Lee retrata-o de forma contundente, sem escamotear o seu período criminoso, a sua filiação no extremismo islamista, depois a sua recusa desse extremismo, enfim, os ziguezagues de uma vida central na história dos negros e brancos americanos do século XX.

Entre as grandes referências musicais desse período estão Aretha Franklin, Pete Seeger, Billie Holiday, Count Basie, Duke Ellington ou John Coltrane e, last but not least, Ella Fitzgerald.

  • cinemaxeditor
  • 23 Set 2018 15:02

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