Rodagem de

22 Jan 2020 14:16

O cinema de Terrence Malick nasce de um vai-vém, ora transparente, ora enigmático, entre as experiências individuais e as convulsões colectivas. No seu novo filme, “Uma Vida Escondida”, ele conduz esse movimento a uma apoteose trágica — está em cena um homem que, em plena Segunda Guerra Mundial, recusa alistar-se no exército nazi. Em boa verdade, na sua obra, tudo começou em paisagens que faziam lembrar o “western”, mas com novos protagonistas.


Estava-se em 1973. Malick filmava os jovens Martin Sheen e Sissy Spacek como sobreviventes de um mundo que, de facto, estava a acabar. No original, o filme chamava-se “Badlands” — entre nós, ficou conhecido como “Noivos Sangrentos”. O romantismo dava lugar ao sangue e à violência, numa América em que, afinal, já não havia lugar para heróis. Talvez não por acaso, o filme seguinte, "Dias do Paraíso", cinco anos mais tarde (portanto, em 1978), era sobre o fim da vocação mitológica de uma certa paisagem rural.


Seja qual for a nossa aproximação da filmografia de Malick, no seu centro deparamos sempre com “A Árvore da Vida” — foi em 2011, ganhou o Festival de Cannes. Seguíamos as convulsões do casal interpretado por Brad Pitt e Jessica Chastain e era como se redescobríssemos a origem do mundo — pais e filhos protagonizando a mesma odisseia interior.


De então para cá, pode dizer-se que o trabalho de Malick existe como uma série de variações, sempre inventivas, sempre inesperadas e fascinantes, sobre essa mesma ânsia de conhecer os nosso enigmas e partilhá-los com outros. E tivemos assim “A Essência do Amor” (2012), “Cavaleiro de Copas” (2015) e “Música a Música” (2017). No caso de “Música a Música” (no original, “Song to Song”), tudo se passava nos bastidores do festival South by Southwest, em Austin, no Texas — e tinhamos uma boa companhia em Patti Smith.


  • cinemaxeditor
  • 22 Jan 2020 14:16

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