23 Jan 2024

O realizador canadiano Norman Jewison, cuja filmografia eclética em Hollywood incluí “No Calor da Noite”, “Jesus Cristo Superstar”, ou “O Feitiço da Lua”, morreu este fim de semana aos 97 anos. O cineasta “faleceu pacificamente no sábado”, segundo um comunicado do seu agente Jeff Sanderson, que informou que as cerimónias fúneres em sua honra terão lugar “numa data posterior em Los Angeles e Toronto”.

Depois de se ter estreado na televisão canadiana, Jewison afirmou-se ao longo da carreira como um dos cineastas mais ecléticos de Hollywood. Os seus muitos filmes valeram-lhe três nomeações para o Óscar de Melhor Realizador.

Da sátira política de “Vêm aí os Russos, Vêm aí os Russos!” (1966), ao thriller com Steve McQueen “O Grande Mestre do Crime” (1968), ao musical “Um Violino no Telhado” (1971), a sua obra aventura-se por uma grande variedade de géneros.

Nos Estados Unidos, o seu legado continua a ser sobretudo o de um cineasta interessado nas questões sociais. Graças ao impacto de “No Calor da Noite”, que ganhou cinco Óscares em 1967, incluindo o de Melhor Filme. Sob a capa de um simples filme de detetives, o realizador abordou as tensões raciais americanas, uma das divisões fundadoras dos Estados Unidos. Sidney Poitier, a primeira estrela negra de Hollywood, interpreta um polícia de Filadélfia que se vê acusado de homicídio no Mississippi e tem de investigar com o xerife branco local, enquanto lida com o racismo dos habitantes locais.

“Os filmes que tratam dos direitos civis e da justiça social são os que me são mais queridos”, afirmou Norman Jewison numa citação recordada pelo New York Times na segunda-feira.

O Canadian Film Centre, instituição educativa fundada por Norman Jewison em 1988, declarou esta segunda-feira que lamenta a morte de um “visionário” e de um “ícone nacional”, conhecido “pelo seu empenho na justiça social”.

A ministra canadiana do Património, Pascale St-Onge, saudou um cineasta cujos filmes eram “únicos” e “tocaram os seus fãs aqui e em todo o mundo”.

Sylvester Stallone em “F.I.S.T” (1978), Al Pacino em “Justiça para Todos” (1979), Denzel Washington em “Hurricane Carter” (1999): ao longo da sua longa carreira, Norman Jewison dirigiu alguns dos maiores nomes de Hollywood.

Os seus filmes receberam um total de 46 nomeações para os Óscares e ganharam 12 prémios, incluindo a estatueta para melhor atriz recebida pela cantora pop Cher em 1987 por “O Feitiço da Lua”. A cantora reagiu à morte de Jewison agradecendo “uma das maiores, mais felizes e mais divertidas experiências da minha vida”.

Nascido em Toronto em 1926, Norman Jewison foi criado por pais protestantes que geriam um negócio por baixo do seu apartamento. Por causa do seu nome, foi assediado na escola pelos colegas que pensavam que ele era judeu, de acordo com o New York Times.

Desde cedo se interessou pelo cinema e pelo teatro e, após ganhar os primeiros dólares como motorista de táxi, arranjou emprego na estação de televisão canadiana CBC, na década de 1950. Passou sete anos na estação antes de se aventurar na televisão americana e, depois, no cinema. O seu primeiro filme como realizador em Hollywood, “Trouble in the Shovel”, data de 1962.

Deixa três filhos e cinco netos.

  • CINEMAX - RTP c/ AFP
  • 23 Jan 2024 10:34

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