Teri Garr, a irreverente atriz que de dançarina em filmes de Elvis Presley ascendeu a estrela em filmes como “Do Fundo do Coração” e “Tootsie”, morreu. Tinha 79 anos.

Garr morreu na terça-feira de esclerose múltipla “rodeada pela família e amigos”, afirmou a publicista Heidi Schaeffer. Garr enfrentou outros problemas de saúde nos últimos anos e foi submetida a uma operação em janeiro de 2007 para reparar um aneurisma.

Teri Garr parecia destinada ao mundo do espetáculo desde a infância. O pai era Eddie Garr, um conhecido ator de vaudeville; a mãe era Phyllis Lind, uma das primeiras Rockettes do Radio City Music Hall de Nova Iorque. A filha começou a ter aulas de dança aos 6 anos e aos 14 já dançava com as companhias de ballet de São Francisco e Los Angeles.

Tinha 16 anos quando se juntou à companhia que foi em digressão com “West Side Story” em Los Angeles e, já em 1963, começou a aparecer em pequenos papéis em filmes.

Numa entrevista em 1988, recordou como ganhou o papel em “West Side Story”. Depois de ter sido dispensada da primeira audição, voltou um dia mais tarde com roupas diferentes e foi aceite.

A partir daí, Garr encontrou trabalho como dançarina e apareceu em nove filmes de Presley, incluindo “Viva Las Vegas”, “Roustabout” e “Clambake”.

Também participou em programas de televisão como “Star Trek”, “Dr. Kildare”, ou “Batman”, e foi dançarina de destaque nos programas “Shindig” e “The Sonny and Cher Comedy Hour”.

O cinema consagrou-a como uma atriz talentosa. A crítica de cinema Pauline Kael proclamou que ela era “a tonta neurótica mais engraçada do ecrã”.

Com o seu grande sorriso e um lado excêntrico conseguiu papéis em “Oh God!”, contracenando com George Burns e John Denver, “Mr. Mom” (como a mulher de Michael Keaton) e “Tootsie”, no qual interpretou a namorada que perde Dustin Hoffman para Jessica Lange e descobre que ele se vestiu de mulher para reavivar a sua carreira.

Apesar de ser mais conhecida pela comédia, Garr mostrou em “Encontros Imediatos de Terceiro Grau”, de Steven Spielberg, e “Do Fundo do Coração”, de Francis Ford Coppola, que podia lidar igualmente bem com o drama.

Tinha talento para o humor espontâneo, fazendo muitas vezes par com David Letterman durante as suas aparições no programa da NBC “Late Night With David Letterman”, no início da sua carreira.

As suas aparições tornaram-se tão frequentes, e as discussões bem-humoradas dos dois tão convincentes, que durante algum tempo surgiram rumores de que estavam envolvidos romanticamente.

Anos mais tarde, Letterman atribuiu a essas primeiras aparições o mérito de terem ajudado a tornar o programa um êxito.

Foi também durante esses anos que Garr começou a sentir “um pequeno bip, ou tique-taque” na perna direita. Começou em 1983 e acabou por se estender ao braço direito, mas ela achava que podia viver com isso. Em 1999, os sintomas tornaram-se tão graves que consultou um médico. O diagnóstico: esclerose múltipla.

Durante três anos, Garr não revelou a doença. “Tinha medo de não conseguir trabalho”, explicou numa entrevista em 2003. “As pessoas ouvem falar de esclerose múltipla e pensam: ‘Oh, meu Deus, a pessoa tem dois dias de vida’.”

Depois, tornou-se porta-voz da Sociedade Nacional de Esclerose Múltipla, fazendo discursos humorísticos em reuniões nos EUA e no Canadá.

“Tentar explicar às pessoas que estou bem é cansativo”, comentou em 2005.

Continuou a representar, aparecendo em “Law & Order: Special Victims Unit”, “Greetings From Tucson”, “Life With Bonnie” e outros programas de TV. Também teve um breve papel recorrente em “Friends” na década de 1990 como a mãe de Lisa Kudrow.

Após vários romances falhados, casou com o empreiteiro John O’Neill, em 1993. Adotaram uma filha, Molly, antes de se divorciarem em 1996.

Na sua autobiografia de 2005, “Speedbumps: Flooring It Through Hollywood”, Garr explicou a decisão de não falar sobre a sua idade.

“A minha mãe ensinou-me que as pessoas do mundo do espetáculo nunca dizem a sua verdadeira idade. Ela nunca revelou a dela, ou a do meu pai”, escreveu. Disse ter nascido em Los Angeles, embora a maioria dos livros de referência indique Lakewood, Ohio. Com o declínio da carreira do pai, a família, incluindo os dois irmãos mais velhos de Teri, viveu com familiares no Midwest e no Leste. Os Garr acabaram por regressar à Califórnia, estabelecendo-se no Vale de San Fernando, onde Teri se formou na North Hollywood High School e estudou discurso e teatro durante dois anos na California State University, Northridge.

Em 1988, Garr recordou o que o seu pai tinha dito aos filhos sobre a possibilidade de seguirem uma carreira em Hollywood. “Não entrem neste negócio”, disse-lhes ele. “É o mais baixo. É humilhante para as pessoas.”

Garr tem uma filha, Molly O’Neil, e um neto, Tyryn.

  • CINEMAX - RTP c/ agências
  • 29 Out 2024 19:15

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