20 Jan 2021 14:45
A Netflix revelou terça-feira que ultrapassou os 200 milhões de assinantes em todo o mundo no final de 2020. A empresa projeta que, desta forma, poderá passar a financiar a sua ampla gama de programas de TV e filmes sem recurso a mais empréstimos bancários.
Esta notícia provocou uma subida de quase 13% nas ações da Netflix e validou a estratégia seguida pela empresa de se endividar fortemente para enfrentar os grandes estúdios de Hollywood com uma enxurrada de programação própria em vários idiomas.
O maior serviço de streaming do mundo recorreu a 15 mil milhões de dólares em empréstimos em menos de uma década. Na terça-feira, a empresa disse esperar que o fluxo de receitas atingisse o ponto de equilíbrio em 2021, acrescentando numa carta aos acionistas: "Acreditamos não precisar de mais financiamento externo para as nossas operações do dia a dia."
A Netflix acrescentou que vai utilizar o dinheiro em caixa para uma recompra de ações. O plano é de manter o nível de endividamento bruto entre 10 e 15 mil milhões de dólares.
"Isto contrasta fortemente com o que se passa com a Disney e com outros recém-chegados ao mercado de streaming, que esperam perder dinheiro nos próximos anos", disse o analista da eMarketer EricHaggstrom.
De outubro a dezembro, a Netflix assegurou 8,5 milhões de novos clientes de streaming enquanto estreava as séries "Gambito de Dama" e "Bridgerton", a nova temporada de "The Crown" e o filme de George Clooney "O Céu da Meia-Noite".
Com os novos clientes, os assinantes da Netflix em todo o mundo chegam agora aos 203,7 milhões. A empresa que foi pioneira em streaming em 2007 somou mais novos clientes em 2020 do que em qualquer outro ano, ajudada pelo facto de muitas pessoas terem ficado em casa para lutar contra a pandemia do coronavírus.
A Concorrência aumenta
Apesar dos bons resultados, a Netflix terá de continuar a trabalhar para angariar mais clientes em todo o mundo, à medida que outros gigantes da media se vão instalando no mercado. Em dezembro de 2020, a Disney revelou um grande e poderoso programa de novos conteúdos para o Disney+, enquanto a AT&T levou a Warner Bros. a abdicar dos lançamentos exclusivos em cinema das suas maiores produções de forma a reforçar a oferta da HBO Max com estreias em simultâneo nas salas e no streaming.
"É muito impressionante aquilo que a Disney fez", disse o co-presidente-executivo da Netflix, Reed Hastings, numa entrevista após a apresentação dos resultados. O sucesso da Disney, acrescentou ele, "anima-nos para aumentar o nosso número de clientes e o nosso orçamento para conteúdos".
A Netflix afirmou ainda que a maior parte do seu crescimento no ano passado – 83% dos novos clientes – veio de fora dos Estados Unidos e Canadá. Quarenta e um por cento aderiram da Europa, Médio Oriente e África.
Para janeiro a março, a Netflix projetou mais 6 milhões de assinantes globais, atrás das expectativas dos analistas de cerca de 8 milhões.