30 Ago 2024

Nicole Kidman apresentou o drama erótico “Babygirl” no Festival de Cinema de Veneza na sexta-feira, dizendo que se sentiu exposta e nervosa quando a intimidade controlada do cenário foi projetada no grande ecrã perante uma audiência global.

Kidman participou em filmes ousados ao longo da sua carreira, incluindo “De Olhos Bem Fechados” de Stanley Kubrick, que estreou em Veneza há 25 anos. Apesar disso, Kidman disse aos jornalistas que estava muito ansiosa com a reação a “Babygirl”.

Kidman interpreta Romy, uma bem sucedida diretora executiva de Nova Iorque, que põe em risco a carreira e a família ao ter um caso tórrido com um jovem estagiário oportunista.

“Foi delicado e íntimo e muito, muito profundo”, disse Kidman, sentada ao lado da realizadora, Halina Reijn, e das outras estrelas, Antonio Banderas, que interpreta o seu marido, e Harris Dickinson, o seu amante.

“Mas isto deixa-me definitivamente exposta, vulnerável e assustada… quando for dado a conhecer ao mundo”, acrescentou. Estamos todos um pouco nervosos, por isso pensei: “Espero que as minhas mãos não estejam a tremer.”

Filmado por uma realizadora, “Babygirl” traz o olhar de uma mulher para o thriller erótico, explorando as fantasias mais obscuras de Romy, que ela não consegue realizar dentro dos limites do seu casamento aparentemente bem sucedido.

“Estou muito contente por realizar um filme sobre o desejo feminino que é também um filme sobre uma mulher numa crise existencial e tem muitas camadas”, disse Reijn, cujos filmes anteriores incluíram a comédia de terror de 2022 “Bodies Bodies Bodies”.

“Babygirl” revela diferenças profundas na forma como as gerações mais novas e mais velhas encaram o sexo numa cidade onde reina o politicamente correto.

“Penso que, de um modo geral, existe confusão sobre a forma como nos devemos comportar no sexo”, afirmou Dickinson, elogiando o trabalho do coordenador de intimidade que ajudou os atores a ultrapassar os seus limites naturais.

“É sempre enervante construir uma cena, mas depois junta-se-lhe algo íntimo, tudo se torna muito vulnerável”, disse.

Dando o mote para o filme, “Babygirl” começa com um grande plano de Kidman enquanto esta não consegue atingir o orgasmo com o marido, iniciando a sua busca de satisfação noutro lugar.

“A enorme lacuna do orgasmo… ainda existe. Tomem nota, homens”, disse Reijn às gargalhadas, acrescentando que esperava que o filme “funcionasse como um tributo ao amor-próprio e à libertação”.

Kidman, que ganhou o Óscar de Melhor Atriz pela interpretação de Virginia Woolf em “As Horas” em 2002, trabalhou com muitos dos principais realizadores masculinos da sua geração, mas há alguns anos decidiu promover mulheres cineastas, como Reijn.

“Agora vou apoiar muitas mulheres, em termos de realizadoras, para tentar mudar o rácio”, disse.

Seis dos 21 filmes da competição principal de Veneza foram realizados por mulheres, incluindo “Babygirl”. No ano passado, foram cinco entre 23 filmes em competição os realizados por mulheres.

Foto: Giorgio Zucchiatti La Biennale di Venezia – Foto ASAC

  • CINEMAX - RTP c/ AFP
  • 30 Ago 2024 20:25

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