21 Mai 2016 1:32
Muito barulho por nada… O cinema do dinamarquês Nicolas Winding Refn não engana ninguém. Depois de "Drive" (2011) e "Só Deus Perdoa" (2013), já sabíamos que ele é um cineasta, não exactamente de histórias, mas de "situações", sempre filmadas com um formalismo à beira da histeria.
Nada de novo, portanto, em "The Neon Demon", o filme com que Refn regressa à secção competitiva de Cannes. A situação de partida é um cliché conhecido: uma jovem (Elle Fanning) chega a Los Angeles, procurando singrar no mundo da moda… Depois, a descoberta de universos mais ou menos perversos vai derivando para um caricatura "gore" de certos registos do terror…
Em boa verdade, a estética (e apete dizer: a ética) de Refn decorre de regras típicas das formas mais instrumentais de publicidade, como se o cinema tivesse sido ocupado pelos seus valores mais maniqueístas. Na prática, ele filma cada cena como uma derivação de anúncios de guarda-roupa ou cosméticos, para mais tentando "injectar-lhe" uma filosofia existencial mais ou menos pomposa, sempre gratuita.
É pena ver uma actriz tão talentosa como a jovem Elle Fanning no meio deste universo em que o look não é consequência de uma estética, mas um fim em si mesmo. Tudo isto, diga-se, executado com uma "pureza" técnica que, na sua ostentação, esgota o que este cinema (não) tem para dar.