5 Set 2016 1:32
Um melodrama que explora os traumas da I guerra mundial, leva o realizador François Ozon para territórios desconhecidos. "Frantz" é passado entre a Alemanha e a França, falado em alemão e francês e filmado a preto e branco.
Frantz, o noivo de Hanna, morreu durante a primeira guerra, deixando-a na companhia dos seus pais, numa pequena aldeia na Alemanha. Um dia um jovem francês aparece junto da campa e diz ser amigo de Frantz.
A história já foi filmada em 1932 pelo cineasta alemão Ernst Lubitsch, a partir de uma peça de teatro. François Ozon garante que só depois de se ter interessado pela peça percebeu que já existia um filme, e por isso, na nova abordagem há muitas diferenças em relação ao texto original. Desde logo o facto da história ter no centro das atenções a jovem Hanna.
Ozon, assume que quis colocar a força do argumento na personagem feminina, e no lado alemão da guerra.
Essa foi também a razão, segundo o realizador, para ter garantido financiamento alemão para o projeto. Na realidade, há poucos filmes de histórias sobre o período da I guerra mundial, porque a II guerra mundial tornou-se um evento de maior importância que viria a determinar a forma como o mundo se relaciona com a Alemanha.
"Frantz" cumpre a tradição do melodrama, mas é também um filme repleto de pequenas armadilhas de argumento. François Ozon já nos habituou a um certo tom de mistério e suspense. Neste caso, sobre a verdadeira relação entre Frantz e o jovem francês, e o futuro de Hanna depois de conhecer Adrien.
Para o elenco, François Ozon descobriu a atriz alemã Paula Beer, de apenas 21 anos que interpreta o papel de Hanna, e compõe uma personagem que cresce à medida que o argumenta avança. Adrien é desempenhado pelo ator Pierre Niney, que recentemente encarnou a figura de Yves Saint Laurent.
François Ozon tem uma colecção de filmes femininos, com títulos como "Oito Mulheres", "Swiming Pool" ou "Potiche". Em "Frantz", o cineasta quis voltar a sublinhar a ideia da emancipação feminina, através do percurso de Hanna, que contrariou as convenções da época ao tomar as rédeas da sua própria vida, depois da morte do noivo.
Tal como em outros filmes, Ozon continua também a gostar de provocar o público, com as tais armadilhas de argumento, entre o que parece e o que pode ser realmente verdade, embora neste filme nem sempre funcionem e possam mesmo parecer despropositadas.