Emmanuelle Chaulet e Eric Rohmer — rodagem de

21 Mar 2020 19:38

Eric Rohmer, nome fulcral da teoria e da prática da Nova Vaga francesa, autor de títulos emblemáticos como "A Minha Noite em Casa de Maud" (1969), "A Marquesa d’O" (1976) ou "O Raio Verde" (1986), nasceu no dia 21 de março de 1920 — faz hoje 100 anos (faleceu com 89 anos, a 11 de janeiro de 2010).

Para celebrar o centenário de Rohmer, a Leopardo Filmes adquiriu duas dezenas dos seus filmes, em cópias restauradas. Devido à situação de pandemia que estamos a viver, a sua exibição nas salas (a que se seguirá a respectiva edição em DVD) está adiada para data a anunciar. Fica, para já, a lista das 20 preciosidades que, mais tarde ou mais cedo, iremos (re)descobrir:


* LE SIGNE DU LION / O Signo do Leão (1962)
* LA COLLECTIONEUSE / A Coleccionadora (1967)
* MA NUIT CHEZ MAUD / A Minha Noite em Casa de Maud (1969)
* LE GENOU DE CLAIRE / O Joelho de Claire (1970)
* L’AMOUR L’APRÈS-MIDI / O Amor às 3 da Tarde (1972)
* DIE MARQUISE VON O / A Marquesa d’O (1976)
* PERCEVAL LE GALLOIS / Perceval, o Galês (1978)
* LA FEMME DE L’AVIATEUR / A Mulher do Aviador (1981)
* LE BEAU MARIAGE / O Bom Casamento (1982)
* PAULINE À LA PLAGE / Paulina na Praia (1983)
* LES NUITS DE LA PLEINE LUNE / Noites de Lua Cheia (1984)
* LE RAYON VERT / O Raio Verde (1986)
* L’AMI DE MON AMIE / O Amigo da Minha Amiga (1987)
* CONTE DE PRINTEMPS / Conto da Primavera (1990)
* CONTE D’HIVER / Conto de Inverno (1992)
* CONTE D’ETÉ / Conto de Verão (1996)
* CONTE D’AUTOMNE / Conto de Ootono (1998)
* 4 AVENTURES DE REINETTE ET MIRABELLE / 4 Aventuras de Reinette e Mirabelle (1987)
* L’ARBRE, LE MAIRE ET LA MÉDIATHÉQUE / A Árvore, o Presidente e a Mediateca (1993)
* LES RENDEZ-VOUS DE PARIS / Os Encontros de Paris (1995)

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Porventura ainda mais que os seus companheiros da "Nouvelle Vague", nomeadamente Jean-Luc Godard e Jacques Rivette, Rohmer construiu uma obra toda ela alicerçada no valor fundamental da palavra. A excelência dos seus diálogos envolve sempre a fala como elemento fulcral das teias sociais e das relações, possíveis ou impossíveis, entre os humanos.
Espírito livre e sistemático — nele, a ordem do sistema é um princípio de liberdade —, organizou muitos dos seus filmes em "séries" com títulos específicos. A mais famosa será, por certo, a dos "Seis Contos Morais", incluindo "A Minha Noite em Casa de Maud" [video: cena com Marie-Christine Barrault e Jean-Louis Trintignant] e "O Joelho de Claire" (1970).



As outras duas séries de Rohmer, "Comédias e Provérbios" e "Contos das Quatro Estações" incluem títulos também modelares como, por exemplo, respectivamente, "A Mulher do Aviador" (1981) e "Conto da Primavera" (1990).

Seja como for, importa lembrar que a sua concepção de um cinema cuja acção está, antes do mais, na acção das palavras não o impediu de ser um genuíno experimentador, nomeadamente com a nova tecnologia das imagens — recorde-se o admirável exemplo de "A Inglesa e o Duque" (2001), com os seus cenários digitais [video: abertura do filme].



Enfim, qualquer retrato de Rohmer, ainda que breve, não poderá deixar de referir o seu extraordinário trabalho como crítico de cinema, sobretudo na revista mais emblemática da Nova Vaga — "Cahiers du Cinéma" —, reflectindo as suas qualidades de ensaísta, filósofo e professor. Discípulo modelar F. W. Murnau (1988-1931), Rohmer escreveu uma das obras de referência na abordagem dos filmes do mestre alemão: : "L’Organisation de l’Espace dans le Faust de Murnau".

  • cinemaxeditor
  • 21 Mar 2020 19:38

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