Vinte e dois projetos estiveram a concurso e mais de uma dezena já foram apresentados no mercado do festival a pensar em edições futuras. A mostra de Realidade Virtual está associada ao Festival de Cinema, mas é uma aposta feita em conjunto com a Bienal de Veneza, cuja a equipa de produção ficou encarregue de preparar a ilha de Lazzaretto Vecchio para receber a nova secção do Festival.
Durante os séculos XV e XVI, a ilha serviu de hospital para isolar doentes vítimas de epidemias, e mais tarde, para instalações militares, mas esteve vários anos ao abandono. Agora, é um local do futuro associado a uma nova linguagem que está em plena revolução.
Os projetos foram espalhados por três alas do edifício que existe na ilha. Um dos setores permitia uma experiência coletiva, com a entrada de 50 pessoas de cada vez, e mostrou aquilo que mais se aproxima da experiência de ver um filme.
Numa outra ala, o público pode andar num espaço tridimensional, e tirar partido de uma experiência pessoal. E por último, foi criada uma ala dedicada à instalação, uma das vertentes que mais está a crescer dentro do universo da realidade virtual, com propostas multi sensoriais, algumas das quais envolvem atores, outras são apenas intervenções no espaço físico.
A instalação "Sangue Y Arena" criada por Alejandro González Iñárritu, durante o Festival de Cannes, despertou a atenção sobre uma nova linguagem que não quer roubar o espaço do cinema, mas afirmar-se como algo diferente e que está em plena ebulição.
Segundo um artigo da revista Variety, nesta altura há quase 500 empresas de realidade virtual a operar na Europa, quando em Fevereiro existiam 300. Em França, em 2014, foi apresentado apenas um projeto de realidade virtual, enquanto em 2016, foram apresentadas 33 propostas, o que levou o instituto Nacional de Cinema a disponibilizar 3,5 milhões de euros para esta nova ferramenta do audiovisual.
A mostra em Veneza serve para dar visibilidade a um crescimento de produção nesta área, e por isso os curadores responsáveis pela seleção a concurso garantem que a edição deste ano não foi um capricho, nem algo ocasional, mas simplesmente o primeiro passo em direção ao futuro.
E será que o futuro da realidade virtual passa pela sala de cinema, e pela corrida ao Leão de Ouro?
Alberto Barbera, diretor da mostra de cinema diz que é prematuro dizer se e quando tal pode acontecer, porque não estamos a falar de cinema, estamos a falar de outra coisa que o cinema pode ajudar a construir.
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cinemaxeditor
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7 Set 2017 23:35