5 Jan 2023 18:13
A actriz iraniana Taraneh Alidoosti foi libertada sob fiança na quarta-feira, após três semanas de detenção por apoiar os protestos no Irão, disse a sua advogada.
O Irão foi abalado por protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, uma mulher curda iraniana de 22 anos, que morreu após ter sido presa pela polícia da moral por violar o rigoroso código de vestuário da República Islâmica.
Centenas de pessoas foram mortas na agitação, incluindo membros das forças de segurança, e milhares foram presas.
Alidoosti, 38 anos, estava presa na prisão Evin de Teerão desde 17 de dezembro depois de ter colocado várias mensagens nas redes sociais onde mostrava o seu apoio ao movimento de protesto, incluindo algumas com fotografias em que não usava véu e condenando a execução dos manifestantes.
"A minha cliente foi hoje libertada sob fiança", disse a advogada Zahra Minooee à agência noticiosa Isna na quarta-feira.
Fotos publicadas no Twitter mostraram-na com a cabeça descoberta, sem véu, carregando um ramo de flores e falando ao telefone ao sair da prisão, onde amigos e colegas a foram saudar. Entre eles estavam figuras do cinema iraniano, incluindo os realizadores Mani Haghighi e Saeed Roustayi.
A actriz britânica nascida no Irão Nazanin Boniadi elogiou o facto de a colega ter aparecido "corajosamente sem o véu obrigatório, nas fotografias após a sua libertação".
Taraneh Alidoosti foi a pessoa mais famosa presa em ligação aos protestos.
Conhecida por protagonizar filmes premiados do realizador Asghar Farhadi, incluindo "O Cliente", vencedor do Oscar de 2017 para Melhor Filme em Língua Estrangeira. Também teve o papel principal no filme "Os Irmãos de Leila", de Saeed Roustayi, exibido no Festival de Cinema de Cannes em 2022.
Desde a sua detenção, a conta da atriz no Instagram, seguida por mais de 8 milhões de pessoas, permanece inacessível.
"O seu silêncio significa que apoia a opressão e o opressor", disse ela no seu último na comunicação social no dia em que Mohsen Shekari, de 23 anos de idade, se tornou o primeiro manifestante a ser executado pelas autoridades iranianas.
Também anunciou que não queria deixar o Irão, dizendo que estava pronta a "pagar qualquer preço pelos (seus) direitos".
A 9 de novembro, publicou uma fotografia sem véu, com um cartaz contendo a mensagem "Mulher, vida, liberdade", o slogan principal dos protestos.