

Tilda Swinton inaugura Berlinale com críticas ao extremismo e à violência
Ao receber o Urso de Ouro honorário, a atriz britânica denunciou injustiças globais e reforçou o papel do cinema na defesa da humanidade.
15 Fev 2025
A 75.ª edição do Festival de Cinema de Berlim abriu com um discurso marcante da atriz britânica Tilda Swinton, que recebeu o Urso de Ouro honorário pela sua carreira. Protagonista habitual da Berlinale, integrou os elencos de perto de 30 filmes que da seleção do festival.
Swinton, denunciou a crescente onda de extremismo e a violência promovida por estados. “O inumano está a ser perpetrado diante dos nossos olhos”, declarou, sublinhando que se sente “livre para o dizer, sem hesitação nem dúvida”.
A atriz criticou veementemente a ascensão da extrema-direita, afirmando que “nunca antes o cinema e as artes têm sido tão necessários para lembrar ao mundo a importância da empatia e da humanidade”. No seu discurso, fez ainda referência aos “assassinatos em massa organizados por estados, permitidos a uma escala internacional, que aterrorizam atualmente diversas partes do nosso mundo”.
Para Swinton, “o silêncio não é uma opção”, reforçando que artistas e intelectuais têm o dever de se manifestar contra injustiças.
Aludindo à política internacional, a atriz criticou o projeto de Donald Trump para transformar a Faixa de Gaza numa “Côte d’Azur do Oriente Médio”, considerando tal ideia uma “ofensa cruel a uma população que já sofreu demais”. Destacou ainda que “vivemos tempos de grande inquietação e instabilidade, mas também de oportunidade para resistir e lutar por um futuro mais justo”.
Swinton finalizou o seu discurso afirmando que “somos testemunhas da história e temos a responsabilidade de agir”, sendo ovacionada pelo público presente, que reconheceu a força e coragem das suas palavras.
Na conferência de imprensa que se seguiu, a atriz de 64 anos, acrescentou que precisa de uma pausa e que vai tirar o resto do ano para “pensar e descobrir como serão os próximos 40 anos”.
“Quando voltar a casa na segunda-feira, na Escócia, vou fazer uma coisa que anseio há cerca de 15 anos, que é ter um período da minha vida em que faço algo diferente. Não sei bem o que é, mas posso dizer que não vou rodar um filme durante o resto do ano”, disse.
“Quero mais tempo. Tempo para desenvolver projetos, alguns para o cinema, outros não, mas preciso de tempo”, disse. “Como sabemos, o cinema é uma amante impiedosa, e tenho estado sob o seu chicote há algum tempo”, concluiu.
O Festival de Berlim, o primeiro dos três grandes eventos cinematográficos do género na Europa, começou a 13 de fevereiro e prolonga-se até dia 23.