7 Fev 2020 22:56
Tapete vermelho desenrolado, estatuetas douradas bem polidas: no próximo domingo, a famosa noite do Oscar marca a apoteose da temporada de prémios cinematográficos em Hollywood, com "1917" no papel de favorito.
Uma cerimónia que deverá ser também uma grande oportunidade para saudar a memória de Kirk Douglas, considerado um dos últimos nomes sagrados de Hollywood, que morreu quarta-feira aos 103 anos. Apesar da glória, sucessos e três nomeações na década de 1950, Douglas nunca ganhou um Oscar, tendo recebido apenas um galardão que, na altura, assinalou os 50 anos da sua carreira.
Favorito desta edição, o diretor britânico Sam Mendes entrou na campanha muito tarde. O seu filme foi lançado para os eleitores da Academia há apenas dois meses, mas os especialistas continuam a apontar "1917" como favorito em várias categorias de prestígio.
Um filme intenso, que descreve a corrida desesperada de dois jovens soldados durante a Primeira Guerra Mundial, construída como um único plano-sequência de duas horas, "1917" já multiplicou as vitórias nesta temporada, com destaque para os BAFTA britânicos e os Globos de Ouro, da associação de imprensa estrangeira em Hollywood.
"Está na linha tradicional de Hollywood, é o que o Oscar aprecia", afirmou Tim Gray, especialista em prémios de cinema da revista Variety. "É grandioso e épico, mas não usa receitas antigas. É um filme impactante, o cinema no seu melhor", acrescentou.
"1917" pode ser o grande favorito, mas isso não garante o Oscar de melhor filme, concedido por meio de um complexo sistema de votação que atrapalha as previsões e, às vezes elege, um vencedor surpresa.
Se "O Irlandês", de Martin Scorsese, e "Era uma Vez … em Hollywood", de Quentin Tarantino, estão entre os nomeados, o principal rival de Sam Mendes parece ser o sul-coreano Bong Joon-ho e o seu filme "Parasitas".
Palma de Ouro no Festival de Cannes, este híbrido de louca comédia familiar e suspense sombrio tornou-se um dos preferidos da crítica norte-americana.
Ele é amplamente favorito também na categoria de melhor filme estrangeiro, mas poderá vencer noutras grandes categorias.
Como nem "1917" nem "Parasitas" incluem grandes vedetas internacionais no seu elenco, o caminho está livre nas categorias destinadas a premiar os atores.
De acordo com a imprensa de cinema, existem dois vencedores antecipados: Joaquin Phoenix deverá ganhar o Oscar de melhor ator por "Joker", enquanto Renéé Zellweger será a premiada por "Judy".
Ambos se transfiguraram para interpretar as suas personagens; um anti-herói traumatizado e psicótico, do lado de Phoenix, uma criança prodígio transformada em grande estrela no caso de Zellweger.
Entre os secundários, tudo aponta para as vitórias de Brad Pitt, o duplo de "Era Uma Vez em Hollywood", e Laura Dern, a advogada impiedosa e manipuladora de "Marriage Story".
Não acredito num cenário em que qualquer un deles possa perder, resume para a AFP Pete Hammond, o perito do site de cinema Dealine.
De qualquer forma, será preciso esperar pela madrugada de domingo para segunda-feira, hora europeia, para conhecer as escolhas dos perto de 8.500 membros votantes da academia de artes e ciências cinematográficas de Hollywood.