Emily Blunt (à direita) é um dos nomes essenciais do elenco de


joao lopes
15 Out 2015 23:27

Não se pode dizer que o canadiano Denis Villeneuve seja um cineasta que nos deixe indiferente. Bem pelo contrário. Basta lembrar dois títulos lançados em 2013: "Prisioneiras", um policial atravessado por uma perturbação moral com algo de muito físico, e "O Homem Duplicado", cometendo a proeza de conferir uma inesperada dimensão audiovisual a um livro de José Saramago.

O mínimo que se pode dizer do seu filme mais recente, "Sicario" (entre nós lançado com o subtítulo "Infiltrado"), confirma as suas competências. Que é como quem diz: estamos perante uma intriga mais ou menos labiríntica, apostada em desmontar, ponto por ponto, uma minuciosa investigação do FBI no interior da guerra das drogas na fronteira México/EUA.
Ao mesmo tempo, mais do que nunca, sente-se que Villeneuve tende a privilegiar um certo formalismo exibicionista (próximo de dispositivos televisivos típicos de algumas séries), como se o look fosse mais importante que as próprias personagens — observe-se, em particular, o tom algo caricatural a que é reduzida a figura de Matt Graver, o conselheiro da CIA interpretado por Josh Brolin.
Resta, como sempre, uma equilibrada direcção de actores, com inevitável destaque para as presenças de Benicio Del Toro e Emily Blunt, além do já citado Brolin. Além do mais, a gravidade (humana e política) dos problemas abordados confere ao filme uma indesmentível actualidade, a ponto de podermos arriscar que terá uma presença significativa na corrida para os próximos Óscares — em qualquer caso, Roger Deakins parece ser um nomeado "obrigatório" na categoria de melhor direcção fotográfica. 

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