Rob Brydon e Steve Coogan — em Itália, à descoberta dos restaurantes


joao lopes
23 Nov 2014 0:54

Será um dado muitas vezes esquecido, mas os seus sinais são evidentes: a produção inglesa é das mais ágeis, mais ricas e mais diversificadas nas relações cinema/televisão. Mais do que isso: essas suas qualidades podem (ou poderiam) servir de padrão de reflexão para muitos países europeus com problemas mais ou menos antigos de estabilização da sua produção audiovisual.

"A Viagem a Itália", de Michael Winterbottom, aí está como mais um exemplo desse dinamismo. Aquilo que começou por ser uma série da BBC, "The Trip" (2010), com Steve Coogan e Rob Brydon, transformou-se em filme: era a história de dois amigos que viajavam pelo norte de Inglaterra, recolhendo informações para que um deles pudesse escrever uma série de artigos sobre restaurantes, para o jornal "The Observer". Agora, surge este "The Trip to Italy", projecto montado de acordo com a mesma lógica (a descoberta da gastronomia italiana é o novo tema jornalístico), prolongando o mesmo ambiente de irónico on the road.
Há que dizer que os resultados, simpáticos e irónicos, são menos interessantes que os pressupostos. Dir-se-ia que o filme favorece um certo narcisismo dos actores, muito talentosos, sem dúvida, mas de algum modo atravessando o filme como uma hipótese de exibição dos seus dotes de improvisação (e também de imitação das vozes de algumas figuras muito conhecidas). Seja como for, sublinhe-se o exemplo: um cinema que nasce da televisão, sem que isso implique qualquer cedência à miséria humana da "reality TV" ou às regras das novelas.

+ críticas