joao lopes
24 Mar 2016 17:45
Infelizmente, não há muito a dizer de "Batman v. Superman: O Despertar da Justiça". Sublinhemos, por isso, o mais óbvio: numa tentativa de desafiar a Marvel no seu próprio terreno, a DC Comics decidiu reunir os seus mais emblemáticos heróis, apostando em criar, se não uma nova "franchise", pelo menos um novo domínio de produções para cinema…
Acontece que para sustentar tal projecto seria preciso, no mínimo, algum trabalho de argumento que criasse as condições para não deixar os resultados à mercê das arbitrariedades dos departamentos técnicos… Na prática, os resultados reduzem-se a uma acumulação de explosões e ruídos (ao longo de uns penosos 150 minutos), a que não falta um monstro caricato que parece ter sobrado dos efeitos especiais de algum outro "blockbuster" caído em desgraça…
O mais triste disto tudo é que o mais simples gosto cinematográfico está ausente. Por exemplo, como construir o espaço para além das arbitrariedades de "morphing" de um vulgar jogo de video? E como gerir as nuances do tempo para além da colagem arbitrária de fragmentos de um spot publicitário? O desastre é tanto mais bizarro quanto o realizador Zack Snyder já tinha dado provas de um evidente talento para gerir as novas tecnologias, nomeadamente no curiosíssimo "300" (2007).
Enfim, que dizer dos pobres actores à deriva no meio de tudo isto? Ben Affleck, agonizando a maior parte do tempo no seu fato de borracha… Amy Adams, no papel de Lois Lane, condenada a representar (?) a maior parte das suas cenas para cenários virtuais que ignoram a sua simples presença… Enfim, como entender o carácter patético de Jesse Eisenberg na grosseira composição de Lex Luthor? Vale a pena rever "A Rede Social" (2010) e observar o que é um actor a sério, seriamente dirigido.