Taika Waititi em pose vampiresca: uma boa anedota, um filme repetitivo


joao lopes
31 Out 2015 22:03

Na época do triunfo generalizado das mais medíocres formas de comédia (observe-se, em muitos contextos, a deagradação da arte da "stand-up comedy"), não admira que se confunda a complexidade de encenação que o humor exige com a mera colagem de anedotas mais ou menos espirituosas.

Proveniente da produção da Nova Zelândia, "O Que Fazemos nas Sombras" é, afinal, um filme que mais não tem para oferecer a não ser uma simples anedota (sugestiva, importa reconhecê-lo). Ou seja: este é um filme sobre vampiros construído em tom de "documentário" — ou mockumentary, como por vezes se diz na gíria.



Trata-se, então, de construir uma paródia a partir da experiência de uma equipa de cinema documental que conseguiu "autorização" para registar a vida privada de um grupo de quatro vampiros… Na prática, a eficácia da anedota esgota-se em duas ou três situações, deixando a penosa sensação de que o riso se fundamenta apenas na monótona repetição de uma única "ideia".

A dupla Jemaine Clement/Taika Waititi parece ser formada por actores de óbvio talento e versatilidade (o argumento e a realização são também de sua responsabilidade). O certo é que, na sua vontade de surpreender pelo insólito, pouco mais têm para oferecer do que uma caricatura simplista e redundante — veja-se ou reveja-se o admirável "Por Favor, Não Me Morda o Pescoço" (1967), de Roman Polanski, e avaliem-se as diferenças.

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