joao lopes
16 Ago 2018 0:38
Para o melhor e, sobretudo, para o pior, as chamadas temporadas de Verão passaram a estar dominadas pelo ruído mediático dos super-heróis — com inevitável destaque para os produtos mais ou menos formatados dos estúdios Marvel. Dir-se-ia que a maior parte das entidades dos mercados prefere dispensar a possibilidade de explorar a surpresa, garantindo apenas a rotina…
"Homem-Formiga e a Vespa" é mais um objecto típico dessa rotina, e tanto mais quanto estamos perante (mais uma) sequela, afinal um modelo típico deste tipo de estratégia industrial e comercial — a criação de um efeito de "série" provém, como é óbvio, do próprio universo da BD e, com resultados mais ou menos interessantes, tem sido recuperada pela produção cinematográfica.
Estamos, aliás, perante o retorno da equipa que já fabricara "Homem-Formiga" (2015), incluindo o realizador Peyton Reed e a dupla central de intérpretes: Paul Rudd (Scott Lang/Homem-Formiga) e Evangeline Lilly (Hope van Dyne/Vespa) — isto sem esquecer a presença dos veteranos Michael Douglas (também do elenco do primeiro filme) e Michelle Pfeiffer.
Em qualquer caso, registemos um simpático efeito de ironia e distanciação que consegue, pelo menos, emprestar uma genuína dimensão lúdica a "Homem-Formiga e a Vespa". Deparamos, assim, com uma contagiante pontuação de humor e, sobretudo, com um jogo inventivo entre o infinitamente pequeno e as mais inesperadas formas gigantes. E importa sublinhar o facto: tal jogo corresponde a uma aplicação inventiva dos muito célebres (e banalizados) efeitos especiais — mais do que criar digitalmente um mundo "impossível", trata-se de criar formas visuais capazes de sustentar alguns momentos de genuíno espectáculo. Em tempo de crise, respeitemos as formigas.