Emily Ratajkowski, Wes Bentley e Zac Efron — personagens e sintomas da cultura DJ


joao lopes
28 Ago 2015 0:32

Como filmar — isto é, como conferir corpo cinematográfico — à cultura musical dos DJ? Digamos que um filme como "Nós Somos Teus Amigos" tenta ser uma resposta concisa a essa questão. E com resultados que oscilam entre a sedução e a frustração — sedução porque vislumbramos a hipótese de tal culltura gerar as suas próprias narrativas e metáforas; frustração porque, em boa verdade, este é um filme indeciso em relação ao seu próprio alcance.

O problema maior está, talvez, no facto de Max Joseph (realizador estreante na longa-metragem) não parecer possuir certezas em relação ao tom do seu próprio filme. Será que estamos perante mais uma tentativa de "revitalizar" o género musical?… A resposta é claramente negativa, já que nunca encontramos aqui soluções que ultrapassem o formalismo dos mais correntes spots televisivos. Ou procura-se uma certa revalorização (melo)dramática de toda uma paisagem geracional?

A trajectória de Cole (Zac Efron), o DJ que, com os seus amigos, ambiciona chegar às oportunidades míticas de Hollywood, é trabalhada através de uma rede de personagens que envolve, em particular, o seu mentor (Wes Bentley) e a namorada (Emily Ratajkowski). E se é verdade que tal opção confere ao filme alguns momentos de intensidade emocional, não é menos verdade que a preocupação de manter uma certa vibração (?) de teledisco limita drasticamente os resultados.


Em qualquer caso, digamos que "Nós Somos Teus Amigos" possui o valor próprio de um objecto sintomático que, aqui e ali, vai tentando desafiar os limites de um estilo "ligeiro", banalmente televisivo. Para além do know how técnico da execução, com destaque para a direcção fotográfica de Brett Pawlak, sublinhe-se também a consistência do elenco — o destaque vai para Zac Efron, uma vedeta (ex-)juvenil que nunca aconteceu, cujo talento continua, em grande parte, por explorar.

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