joao lopes
25 Jun 2016 2:15
Decididamente, os responsáveis por muitos recentes "blockbusters" parecem desinteressar-se pelos filmes que produzem e realizam… preferindo entregar tudo ao departamento de efeitos especiais. Assim volta a acontecer em "O Dia da Independência: Nova Ameaça", de Roland Emmerich, e o menos que se pode perguntar é isto: nos últimos anos, quantas vezes já vimos cidades inteiras digitalmente reduzidas a pó em poucos segundos?…
Por vezes, algumas formas de jornalismo (?) tratam filmes como este através dos números — como se a história do cinema fosse uma conta de deve & haver. Ainda assim, por uma vez, vale a pena pensar um pouco no avesso de tais "notícias": como é possível que um filme que terá custado 165 milhões de dólares (quase 150 milhões de euros) se apresente como um objecto tão tosco e indigente?
Chegou-se, de facto, a um ponto em que já ninguém parece preocupar-se com o simples (?) facto de se estar a contar uma história… A saber: os "aliens" voltam a invadir o planeta Terra e a sobrevivência da raça humana está ameaçada — a partir dessa mini-sinopse, pouco mais acontece do que uma colagem de "números" de banal jogo de video, nem sequer dando alguma oportunidade interessante ao talento de actores como Jeff Goldblum ou Judd Hirsch.
O título original desta saga, "O Dia da Independência", lançado há vinte anos, também dirigido por Emmerich, era, apesar de tudo, um exercício pleno de energia e humor, capaz de reavivar o espírito dos espectáculo de "série B" dos anos 50/60. Agora, nada mais resta a não ser uma visão tecnocrática do cinema que, em boa verdade, se confunde com as suas estratégias de marketing, nelas se esgotando.