joao lopes
25 Dez 2016 18:02
Será que os filmes de Natal estão mesmo "obrigados" a corresponder ao espírito natalício? E o que é isso de um filme corresponder ao espírito natalício? É uma questão temática? Uma escolha de tom? Uma "mensagem"?
Digamos, para simplificar, que tudo isso pode ser muito interessante e respeitável. O certo é que, mesmo na melhor das intenções, um filme necessita de alguma ideia de… cinema. Como fazer um filme quando parece acreditar-se que tudo dependerá da quadra em que ele vai chegar ao público?
"Beleza Colateral", de David Frankel, parece ser um filme nascido desse equívoco. Por um lado, a personagem central, um profissional da área da publicidade cuja vida foi abalada por uma perda trágica, possui uma carga de dramatismo a que qualquer espectador pode responder; por outro lado, a sua construção não passa de uma antologia de lugares-comuns dramáticos, para mais sublinhados (?) por uma realização banal e demonstrativa.
Will Smith bem se esforça por conferir intensidade e emoção a uma personagem que, involuntariamente, tende para a caricatura. E não deixa de ser penoso observar um excelente elenco — Edward Norton, Kate Winslet, Keira Knightley, Helen Mirren, Michael Peña, etc. — à deriva, tentando salvar aquilo que não passa de uma variação vulgar sobre algumas belas memórias clássicas…
Sim, porque este é um filme que procura, obviamente, reencontrar o espírito ecuménico e feliz das grandes parábolas sociais de Frank Capra (1897-1991), a começar por "It’s a Wonderful Life/Do Céu Caíu uma Estrela" (1946). Como comparar o incomparável? Enfim, recuemos 70 anos e fiquemo-nos pelo trailer…