Elyas M'Barek (ao centro) em


joao lopes
7 Set 2020 1:22

Para lá das aparências… Ou seja: Caspar Leinen (Elyas M’Barek) é um jovem e pouco experiente advogado que recebe a missão de defender Fabrizio Collini (Franco Nero). Collini é um cidadão italiano que matou um reputado industrial alemão, a sangue frio, sendo difícil evitar uma pena pesadíssima para o seu crime. O certo é que a investigação de Leinen o vai conduzir a memórias de um passado em que ele próprio desempenhou um incauto papel…

Estamos perante uma produção vinda da Alemanha, lidando de forma hábil com uma história que, de inquérito policial, se vai transfigurando em redescoberta da Segunda Guerra Mundial, em particular dos crimes dos nazis cometidos em Itália: realizado por Marco Kreuzpaintner, "O Caso Collini" constitui, afinal, um exemplo sóbrio de uma cinematografia que, infelizmente, deixou de ter presença regular nos circuitos portugueses.




Baseado num romance de Ferdinand von Schirach, "O Caso Collini" consegue combinar as regras tradicionais do "thriller" com a evocação histórica, evitando reduzir as suas personagens a "símbolos" redundantes. O filme consegue, assim, ir deslocando o seu peso dramático do enigma policial para a discussão de alguns aspectos do funcionamento do sistema jurídico alemão face aos crimes do nazismo.
Como se compreenderá, apesar das memórias de Collini, a personagem central é o próprio Leinen, por assim dizer dividido entre a frieza com que deve desempenhar a sua função e as emoções contraditórias que o próprio caso lhe devolve. Elias M’Barek distingue-se pela contenção, sendo ao mesmo tempo de sublinhar o reencontro com Franco Nero, uma verdadeiro "resistente" da produção europeia, com uma carreira de mais de meio século, iniciada nos tempos heróicos do "western spaghetti".

+ críticas