joao lopes
1 Mai 2015 21:08
Foi em 2008, com "O Estranho Caso de Benjamin Button", que David Fincher relançou, de modo fulgurante, o modelo clássico das "viagens no tempo" — a personagem interpretada por Brad Pitt era alguém que, ao envelhecer, adquiria traços cada vez mais jovens…
"A Idade de Adaline", dirigido pelo americano Lee Toland Krieger, é um objecto curioso, serenamente fora de moda, que tenta retomar essa via mais ou menos fantástica, com uma variante que está longe de ser secundária: a personagem central, Adaline, é alguém que, devido a um inicidente mais ou menos galáctico, perdeu a faculdade de envelhecer — permanece sempre com o mesmo aspecto de jovem adulta…
É pena que o filme, através de uma voz off francamente desnecessária, queira sustentar uma espécie de ironia "científica", estranha aos desígnios romanescos da história que conta. Em qualquer caso, a composição central de Blake Lively constitui um pequeno grande acontecimento, marcante na carreira de uma actriz que já víramos brilhar em títulos como "As Vidas Privadas de Pippa Lee" (Rebecca Miller, 2009), "A Cidade" (Ben Affleck, 2010) ou "Selvagens" (Oliver Stone, 2012).
O mais interessante resulta do facto de o corpo de Adaline não "obedecer" ao devir da história, preservando uma juventude que baralha todas as coordenadas sociais e afectivas. Daí a importância da personagem da sua filha (que realmente envelhece…) interpretada por essa actriz sempre admirável que é Ellen Burstyn.