joao lopes
18 Mai 2017 23:22
No panorama dos blockbusters das últimas décadas, a saga "Alien" constitui, por certo, um dos casos mais invulgares de consistência dramática e espectacular. Mesmo não esquecendo os seus altos e baixos, o certo é que o conjunto de filmes iniciado em 1979 (com "Alien: O Oitavo Passageiro") possui a força própria de uma perturbante parábola filosófica: até que ponto as origens da humanidade são indissociáveis da companhia dos monstros?
Aí está, então, o sexto título da saga, "Alien: Covenant", dirigido pelo seu principal mentor, Ridley Scott, realizador do já citado "Alien" original e também de "Prometheus" (2012). Aliás, na cronologia dos acontecimentos, tudo acontece depois de "Prometheus" e antes de "Alien", numa demanda que leva os protagonistas a um planeta desconhecido. Mesmo evitando revelar as surpresas que a situação envolve, digamos que a equipa da nave Covenant encontra um "paraíso perdido" em que vacilam as fronteiras da própria identidade humana.
Nesta perspectiva, há uma figura ambígua, que emerge com especial intensidade: o "homem-robot" (ou "robot-homem") interpretado por Michael Fassbender. Através da sua acção, acabam por estar em jogo todas as relações dos humanos com os monstros que os podem destruir, numa dialéctica sempre marcada pela utopia de uma pureza radical.
Provavelmente, este é um filme face ao qual os conhecedores da saga não poderão deixar de sentir que Ridley Scott faz uma reciclagem de alguns momentos emblemáticos dos títulos anteriores (incluindo a gestação das criaturas no interior do corpo humano). Seja como for, "Alien: Covenant" consegue preservar a sua dinâmica interior — não é por acaso, por isso, que Scott admite trabalhar em "várias" sequelas…