Johnny Depp reduzido a um programa de computador — onde está o actor?


joao lopes
4 Mai 2014 1:05

Nos últimos anos, um pensamento curioso, embora simplista, tem explorado uma "maldição" inerente à proliferação das técnicas digitais. A saber: será que os actores vão desaparecer, sendo substituídos por imagens digitais, isto é, programas de computador?

Pois bem, dir-se-ia que a Johnny Depp aconteceu algo pior que isso: em "Transcendence"(entre nós lançado com o subtítulo "A Nova Inteligência"), ele já não interpreta exactamente uma personagem, uma vez que, na maior parte da acção (?), surge como monótona e repetitiva imagem de um programa de computador…
Provavelmente, se não fosse o nome de Depp e o facto de estarmos perante o primeiro trabalho de realização de Wally Pfister ("oscarizado" em 2011 pelas imagens de "Inception/A Origem", de Christopher Nolan), "Transcendence" seria apenas mais um objecto banal a tentar relançar temas que, pelo menos desde "2001: Odisseia no Espaço" (1968), já vimos tratados com outra imaginação e outro fôlego criativo…
O certo é que estamos perante um daqueles filmes em que é gritante a desproporção entre a excelência dos meios (humanos e financeiros) e o simplismo dos resultados. A certa altura, perguntamo-nos mesmo se a história do investigador (Depp) no campo da Inteligência Artificial alguma vez foi pensada como exercício narrativo e labor dramático… Ou como os melhores de Hollywood se deixam perder no labirinto de uma produção distante do gosto primitivo de contar histórias.

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