Christoph Waltz e Alicia Vikander — um projecto que levou quatro anos a concretizar


joao lopes
14 Out 2017 0:45

Filme histórico?… Melodrama histórico?… História romanceada?… Podemos convocar os mais diversos rótulos para descrever "A Febre das Tulipas", filme de Justin Chadwick baseado no "best-seller" de Deborah Moggach (ed. Asa). Em todo o caso, seja qual for a opção, o problema não está na caracterização do objecto, mas sim na sua identidade à deriva.

Costuma dizer-se, e com boas razões para isso, que os filmes reflectem a sua própria produção. E este, não há dúvida, é um caso dramático de tal condição. De facto, entre a origem do projecto e, cerca de quatro anos depois, a sua estreia, muita gente esteve envolvida (incluindo Steven Spielberg como produtor e John Madden como realizador), mas seria Justin Chadwick a tentar emprestar alguma coerência a algo que já estava em estado de acelerada desagregação.

 



O ponto de partida é sugestivo e tenta rentabilizar as potencialidades dramáticas de Amsterdão, em meados do século XVII, quando as flores, mais exactamente as célebres tulipas, podiam ser uma espectacular fonte de riqueza. O certo é que a história do rico comerciante (Christoph Waltz) que encomeanda a um pintor (Dane DeHaan) um retrato de sua mulher (Alicia Vikander) nunca supera a condição de confuso esboço de peripécias fragmentadas.

Para além da má gestão de informação no interior do argumento, o filme parece querer resgatar-se dos seus problemas através de uma certa ostentação dos cenários (e também dos movimentos de câmara) que, em última instância, não decorre de nenhuma necessidade narrativa. O resultado parece-se mais com um vulgaríssimo telefilme "histórico" que deixa uma cruel sensação de desperdício — e há muito talento envolvido…

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