crítica
No labirinto da adolescência
Nem sempre muito bem tratado pelo mercado, André Téchiné continua a assinar filmes admiráveis: "Quando Se Tem 17 Anos" é mais uma subtil abordagem do universo da adolescência, fazendo lembrar o seu "Os Juncos Silvestres".
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29 Out 2017 16:59
Quem preserva, hoje em dia, a herança de Jean Renoir (1894-1979)? Haverá, por certo, diversas respostas, desde logo no interior do cinema francês. Em todo o caso, será difícil encontrar alguém que, como André Téchiné, mantenha um trabalho, ao mesmo tempo tão coerente e tão diversificado, capaz de herdar e transfigurar a pedagogia humanista do autor de "A Regra do Jogo". Para Téchiné, como para Renoir, a natureza humana é um elemento que importa discutir para além da sua… naturalidade.
Tudo se passa entre Damien e Thomas — interpretados, respectivamente, pelos magníficos Kacey Mottet Klein e Corentin Fila —, alunos de uma mesma escola que tudo parece separar, excepto uma intensa atracção. Mais do que a descoberta da sexualidade, Téchiné filma o cruzamento labiríntico das emoções mais íntimas com as regras de organização social (sendo, por isso mesmo, tão importante a personagem da mãe de Damien, interpretada por Sandrine Kiberlain) — no limite, apetece dizer que este é um cinema da "sociologia" do desejo.