Jamie Foxx e Andrew Garfield (?) no universo do Homem-Aranha: para que servem os actores?


joao lopes
17 Abr 2014 11:29

É bem verdade que os "blockbusters" possuem uma história longa e nobre — afinal de contas, há quase 40 anos, os inventores do respectivo modelo de produção foram Steven Spielberg ("Tubarão", 1975) e George Lucas ("A Guerra das Estrelas", 1977)… O certo é que, com o passar das décadas, e a imposição de conceitos de espectáculo cada vez mais dependentes dos conglomerados da BD, os "blockbusters" se tornaram, quase sem excepção, um simples formato.

O novo filme do  Homem-Aranha — "O Fantástico Homem-Aranha 2: O Poder de Electro", dirigido por Marc Webb — é apenas a triste confirmação disso mesmo: um prolongamento (?) das aventuras de Peter Parker (Andrew Garfield), desta vez polarizando o confronto com Electro (Jamie Foxx), tudo reduzido a monótonas (e muito barulhentas…) variações sobre aquilo que, afinal, está por inteiro no trailer.
Já nem é ironia dizê-lo: filmes como este parecem esgotar-se no conceito de marketing que está no trailer, mais não fazendo do que tentar disfarçar ao lomgo de mais de duas penosas horas a incapacidade de gerar qualquer coisa de minimamente consistente, a não ser a acumulação de explosões mais ou menos ruidosas. Há, aqui e ali, a tentativa de introduzir alguns momentos de humor, mas o resultado tem tanto de efémero como de inconsistente.
E não deixa de ser desconcertante observar como este cinema de delirante acumulação de recursos técnicos vai menorizando os talentos que tem ao seu serviço. Andrew Garfield, por exemplo, cujas qualidades descobrimos em títulos como "Peões em Jogo" (Robert Redford, 2007) ou "A Rede Social" (David Fincher, 2010) — também ele não passa de um instrumento descartável para um dispositivo cujo fogo de artifício passou a dispensar o gosto (e os prazeres!) da narrativa.

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